
A notícia de que a companhia aérea SATA Air Açores, responsável pelos voos interilhas, vai contrair um empréstimo de 20 milhões de euros de apoio à tesouraria mediante uma garantia concedida pelo Governo Regional, avança a Lusa. A concessão de uma garantia dada pela Região Autónoma "é condição necessária para a respetiva realização”, lê-se no documento, publicado esta terça-feira no Jornal Oficial. O empréstimo tem a duração de sete anos, com dois anos de carência, e uma taxa de juro equivalente à Euribor a seis meses acrescida de um ‘spread’ de 1,00%.
O empréstimo à SATA Air Açores acontece numa altura em que está decorrer o processo de privatização da SATA Internacional, e ainda com o plano de reestruturação em curso. O grupo aéreo açoreano viu aprovado, em junho de 2022, pela Comissão Europeia uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação no montante de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais. Uma injeção de capital que tinha como contrapartida um pacote de medidas, como a reorganização da estrutura e a privatização da SATA Internacional.
O atual emprétimo de 20 milhões de euros foi contraído junto do banco BPI, e tem pressuposto a manutenção de uma “participação integral, direta ou indireta, no capital da SATA Air Açores pelo Governo Regional dos Açores”. A empresa que faz a ligação entre as ilhas está fora do plano de privatização.
O empréstimo pode ascender 75 milhões de euros. O Governo dos Açores, uma coligação PSD/CDS-PP/PPM, fundamenta a decisão com a resolução do Conselho do Governo Regional de julho de 2025 que autorizou a “concessão de garantias sobre empréstimos de bancos ou outras entidades financeiras” à SATA Air Açores no montante de 75 milhões de euros.
Em curso estão as negociações entre o Governo Regional e o consórcio Newtou/MS Aviation para a privatização da Azores Airlines, um processo que o executivo regional disse querer concluir até setembro. Mas sobre o qual não tem havido notícias nos últimos meses.
O candidato à compra é o consórcio liderado pela Newtour e MS Aviation, a que se juntou este ano o gestor Carlos Tavares e o empresário Paulo Pereira da Silva. A entrada do ex-presidente da Stellantis e do dono da Quinta da Pacheca no consórcio, tem-se admitido, deverá ajudar a resolver uma das questão levantadas pelo júri na avaliação que fez em 2024, apontando para falta de músculo financeiro do candidato e da viabilidade do projeto no futuro, tida em conta na suspensão do concurso, no final daquele ano.
Contas agravaram-se
As duas companhias aéreas do grupo SATA, a Azores Airlines e a SATA Air Açores, fecharam 2024 com um prejuízo acumulado de 82,8 milhões de euros, mais do dobro do ano anterior, segundo dados divulgados pela empresa, em junho. As companhias têm vindo a bater recordes de transportes de passageiros.
No ano passado, a SATA Internacional - Azores Airlines (que opera de e para fora do arquipélago) registou um resultado líquido negativo de 71,2 milhões de euros, o que compara com um prejuízo de 26,08 milhões de euros em 2023.
Já a SATA Air Açores (responsável pelas ligações interilhas) reportou um resultado líquido negativo de 11,6 milhões de euros em 2024, contra 9,97 milhões de prejuízo no ano anterior.