
Tomou posse em dezembro do ano passado, mas pouco mais de meio ano depois de ter sido designada, anuncia que está de saída: “Venho por este meio informar que renuncio ao cargo de Presidente da Fundação de Serralves”. O Governo agradece a Isabel Pires de Lima e diz, apenas, que “respeita a decisão”.
“(…), após profunda reflexão, tomo esta decisão por entender que não estão reunidas, ao nível do presente Conselho de Administração, condições de confiança e solidariedade institucional que me permitam exercer o cargo em plenitude”, escreve Isabel Pires de Lima, no comunicado enviado às redações pelo seu email pessoal, e no qual refere que a renúncia tem “efeitos imediatos” para, salienta, evitar “prolongar uma situação desconfortável para todos mas, sobretudo, prejudicial ao saudável funcionamento da Fundação”.
Além disso, escreve, “um espaço de produção de arte como é Serralves tem, a todo o momento, de incomodar, desestabilizar, interrogar”, caso contrário “será apenas um lugar de pessoas demasiado contentes consigo próprias, naquela felicidade potencialmente castradora que o sucesso traz”.
A quem se refere Isabel Pires de Lima não é mencionado, não há quaisquer nomes no comunicado mas, recorde, do Conselho de Administração fazem parte, além da própria, os ‘vices’ Fernando Cunha Guedes, Luís Silva Santos e Paula Paz Ferreira, bem como Manuel Sobrinho Simões, Tomás Jervell, Armando Cabral, Maria do Carmo Oliveira, e Luís Menezes.
A agora presidente demissionária deseja apenas os “maiores sucessos a Serralves, acalentando a esperança de que a Fundação possa no futuro conquistar novos patamares de excelência, mais inovadores, disruptivos e ambiciosos”.
Aos fundadores deixa ainda uma palavra de “gratidão” pela confiança, assim como “às equipas de Serralves, as operacionais e as criativas, pelo seu elevado profissionalismo e dedicação”.
“Nelas observei um sentido institucional invejável, sem o qual Serralves nunca teria alcançado o prestígio que tem. A todos serei sempre grata, pela oportunidade que me foi dada e pelo muito que me ensinaram”, conclui Isabel Pires de Lima neste fechar de ciclo de oito meses na presidência da Fundação de Serralves.
Governo "respeita a decisão" que soube pelas notícias
O Ministério da Cultura, Juventude e Desporto informa, em comunicado enviado às redações ao final da tarde desta terça-feira, que foi pela comunicação social que teve conhecimento da “decisão da professora Isabel Pires de Lima” que, esclarece, resulta de “uma opção pessoal, cuja justificação cabe apenas à própria”.
“O Governo respeita decisão da professora Isabel Pires de Lima, a quem agradecemos o trabalho desenvolvido”, refere o ministério tutelado por Margarida Balseiro Lopes.
Quanto ao sucessor de Isabel Pires de Lima, o Governo lembra que “a Fundação de Serralves é uma instituição de direito privado e de utilidade pública, com estatutos próprios e órgãos de governação autónomos”, como tal, “a eleição do próximo presidente será feita pelo próprio Conselho de Administração, de entre os seus membros, em reunião convocada para o efeito”.
O comunicado termina com uma palavra a uma "fundação sólida, com uma programação cultural de referência nacional e internacional", sobre a qual o Governo “mantém plena confiança” e acredita que “assegurará, com estabilidade e continuidade, a prossecução da sua missão cultural”.
[Notícia atualizada às 19h17]