
Chegou a hora de primeiras decisões. Definitivas ou não, veremos. Esta quinta-feira, corre-se a etapa-rainha da Volta a Portugal, com final na Torre, Serra da Estrela. A geral vai jogar-se certamente como ainda não se jogou nesta edição da prova.
Conte-se com Jesus Peña ao ataque nas inclinadas vertentes que se erguem a partir da Covilhã até ao ponto mais alto de Portugal Continental. O colombiano do Tavira sabe que tem de ganhar tempo suficiente, principalmente a Artem Nych, antes do contrarrelógio final, se quiser vencer a Volta, e encara a sua melhor oportunidade, a única subida de montanha da competição. Poderá sempre tentar amealhar mais algum pecúlio face ao russo da Anicolor em Montejunto, na penúltima etapa, mas nunca será mais do que 10 a 20 segundos.
O trepador vindo do WorldTour precisa de bem mais, e admite-o. «Já conheço a Torre, do GP das Beiras e Serra da Estrela. Senti-me bem, então [n.d.r.: finais de maio]. Estive melhor do que Nych [n.d.r.: ganhou-lhe 1.25 minutos na meta, após a descida para Seia], mas não fiz a diferença para Alexis Guerin. Nych está em melhor forma agora, mas eu também», afirma Jesus Peña.
O sul-americano deverá preocupar-se com o francês, quarto classificado da geral e de quem tem 18 segundos de vantagem na geral, um puro trepador, como ele. Muito mais no seu habitat natural do que Nych, que em 2024 perdeu quase 3 minutos para o vencedor (Geovani Chumil) e em 2023 (ano de estreia do russo na Volta) 1.28 m (para Delio Fernandez).
Apesar deste historial adverso na Torre, o siberiano, vencedor da Volta em 2024, está confiante. «É uma subida difícil para mim, eu sei, mais sinto-me muito bem, por isso poderá correr bem. Vai correr...», disse Artem Nych, que lidera a geral com oito segundos de avanço sobre Jesus Peña, que tem vindo a encurtar o atraso de 18 segundos para o russo no prólogo. Este teve apenas 3,4 km, o contrarrelógio de Lisboa tem... 16,7 km.
É de esperar que Alexis Guerin disponha de liberdade na Anicolor para responder a um certamente muito ofensivo Jesus Peña, no caso de Nych acusar o acentuado das inclinações. Não parece avisado que o francês seja usado em estratégia de emboscada ao Tavira antes do início da subida da Torre, na Covilhã, uma vez que até à cidade o perfil da etapa é muito pouco seletivo.