
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique aceitou esta sexta-feira o registo do partido Anamola, do político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, disse à Lusa o seu mandatário judicial, Mutola Escova.
"Recebemos a comunicação hoje, em que o ministério da Justiça autoriza o pedido para o registo do partido, que tínhamos apresentado", disse o advogado, acrescentando que com esta autorização já é possível proceder ao registo de Anamola na conservatória. Dinis Tivane, assessor político de Venâncio Mondlane e secretário-geral interino do partido confirmou igualmente o registo.
"Festejemos o início formal da revolução moçambicana", escreveu, numa mensagem na sua conta na rede social Facebook, afirmando que Venâncio Mondlane se vai pronunciar sobre esta decisão em breve.
O Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo foi inicialmente proposto, em abril último, com o acrónimo Anamalala. Anamalala significa "vai acabar" ou "acabou", expressão usada por Venâncio Mondlane durante a campanha para as eleições gerais de 09 de outubro de 2024 - cujos resultados não reconhece - e que se popularizou durante os protestos por si convocados nos meses seguintes.
O ex-candidato presidencial anunciou em 07 de agosto que alterou a designação do seu partido, passando para Anamola, após pedido do Governo moçambicano, que considerou que a anterior sigla carregava "um significado linguístico". A informação da alteração da proposta do acrónimo consta do recurso que o antigo candidato presidencial submeteu no mesmo dia ao Conselho Constitucional (CC), por considerar então que o Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religioso não respondeu no prazo legal ao pedido para a constituição da formação partidária.
Num ofício do ministério, assinado pelo ministro Mateus Saíze, com data de 28 de maio e que a Lusa noticiou nessa altura, era referido que o termo "Anamalala", proposta de acrónimo de Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, é proveniente da língua macua, falada em Nampula, norte do país, "e por isso já carrega um significado linguístico para a comunicação dos que nela se expressam".
O ministério deu um prazo de 30 dias para a alteração da sigla, contando desde a divulgação daquele documento pela instituição da justiça moçambicana.
Moçambique viveu desde as eleições gerais de 09 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder. Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, morreram cerca de 400 pessoas em confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à pacificação do país.