
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo acusou esta sexta-feira responsáveis políticos de estarem num bolha de cinismo perante o "terror" dos incêndios, tentando ganhar tempo e fugir às responsabilidades.
Na página oficial da sua candidatura a Belém, na rede social Facebook, Gouveia e Melo diz-se "chocado e incrédulo" com a postura de alguns responsáveis políticos que, "alheios ao terror vivido pelas populações, mantêm as suas agendas, numa bolha de cinismo perante o sofrimento".
"Se não conseguem prevenir nem remediar, espera-se, no mínimo, que estejam ao lado do provo no seu sofrimento ", defende o candidato, assumindo ter passado os últimos dias " colado à televisão, esmagado pelas imagens do fogo a devorar " o território nacional.
Na publicação, Gouveia e Melo recusa aceitar o argumento de que falar de incêndios "é aproveitamento político" ou que "só depois do combate é que se pode discutir" a vaga de incêndios que assola o país.
Esta posição foi nesta tarde de sexta-feira assumida depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro ter afirmado na quinta-feira, num discurso na Festa do Pontal, que não iria fazer uma avaliação do combate aos incêndios, porque o país está "em plena guerra e não é a meio da guerra" que se faz essa discussão.
"Vamos primeiro ganhar a guerra, salvar as pessoas, o nosso património, o nossos país e cá estaremos para fazer ainda melhor no futuro", referiu.
"São meros pretextos para ganhar tempo e tentar diminuir as responsabilidades", escreveu Gouveia e Melo, alertando que "enfiar a cabeça na areia, adiando o que é difícil de resolver e ir gerindo agendas mediáticas, pode não ser a melhor solução".
As críticas de Gouveia e Melo estendem-se ainda a quem, noutros pontos do país "brinde às férias e tire fotografias sorridentes em eventos políticos de verão", num "desrespeito que mina a confiança na democracia".
Para o candidato presidencial, "um verdadeiro líder", mesmo quando não pode fazer mais, "está na frente com o seu povo, mostrando que não se esconde das responsabilidades que pediu para assumir".
Ao contrário, o que acontece no país ano após ano, sustenta, é que "a memória apaga-se" e a prevenção, o planeamento e o investimentos estruturais "ficam fora da agenda", conclui na publicação em que expressa a sua gratidão aos bombeiros militares, polícias, médicos e enfermeiros empenhados nos incêndios e às populações que ajudam no combate.