
Dois protocolos foram assinados hoje, na vila de Messejana, para “salvaguardar e valorizar” o acervo documental existente no museu etnográfico da Santa Casa da Misericórdia desta localidade do concelho de Aljustrel, no distrito de Beja.
Os acordos foram assinados no âmbito do projeto “MessejanaDoc”, que junta a Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção à Universidade de Évora (UÉ), à Junta de Freguesia local e à Alentejo, Terras e Gentes – Associação de Defesa e Promoção Cultural do Alentejo.
“Estes protocolos visam, sobretudo, olhar para a documentação histórica aqui existente, digitalizá-la e dar seguimento ao inventário feito já há alguns anos”, explicou à agência Lusa Florêncio Cacete, presidente da associação Alentejo, Terras e Gentes.
Segundo o responsável, também ligado ao CIDEHUS – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da UÉ, o “objetivo maior” dos protocolos “é salvar a documentação” existente no museu e iniciar o processo de transição digital do espaço, cujas instalações se encontram degradas.
Também em declarações à Lusa, o provedor da Misericórdia de Nossa Senhora da Assunção, Henrique Petronilho, assumiu que os protocolos hoje assinados “são importantíssimos”.
“Esta é uma forma de preservar o que aqui está, porque a situação do edifício tem tendência a degradar-se e pelo menos esta documentação fica salvaguardada e digitalizada”, disse o dirigente alentejano.
Já a reitora da UÉ, Hermínia Vilar, frisou, na cerimónia de assinatura dos protocolos, que estes se enquadram no trabalho da instituição para “apoiar e enquadrar, tanto quanto possível, o esforço de preservação” do património da região “nas suas mais diversas vertentes”.
“Procuramos ser uma universidade para todo o Alentejo e um dos objetivos é estar sempre presente, tanto nas localidades maiores como nas mais pequenas, porque todas elas têm esse património que temos de procurar manter e preservar”, acrescentou.
Também presente na cerimónia, o responsável pelo Departamento de Património Cultural e Centro de Formação Profissional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Mariano Cabaço, considerou que os acordos hoje assinados foram “um ato ímpar no ‘universo’ das misericórdias”.
Mariano Cabaço anunciou ainda que, a partir de setembro, a UMP vai avançar com a inventariação do património móvel da Misericórdia de Messejana.
“Para a intervenção no edifício e musealizar todo o espólio [existente], a base é sabermos o que temos e a diversidade do espólio que aqui encontramos, que tem de ser reorganizado”, justificou.
Formalizado hoje, o projeto “MessejanaDoc” vai ser dinamizado pela associação Alentejo, Terras e Gentes e pelo CIDEHUS da UÉ.
De acordo com Florêncio Cacete, durante os próximos meses irão estar na localidade alentejana investigadores e alunos, para proceder à digitalização da documentação, assim como ao seu enquadramento histórico e inventariação.
“Penso que daqui a um ano já teremos alguns milhares de documentos partilhados ‘online’”, indicou o investigador, explicando que a informação ficará disponível através do projeto ‘Fundis’ e do repositório da UÉ.
Ou seja, acrescentou, “quem quiser estudar a história da Messejana, da Câmara Municipal da Messejana ou de algumas práticas culturais existentes aqui, conseguirá a partir de qualquer ponto do globo aceder através dessa plataforma e nunca mais esta informação se irá perder”.