Os Estados Unidos anunciaram hoje o isolamento da embaixada no Haiti e o confinamento dos seus funcionários no complexo, devido a uma violenta troca de tiros perto de Porto Príncipe, capital do país caribenho assolado por gangues criminosos.

"Há relatos de tiroteios intensos no bairro de Tabarre, perto da Embaixada dos EUA. As autoridades do governo norte-americano suspenderam todas as viagens oficiais para fora do complexo diplomático. Evitem a área", instou o Departamento de Estado num alerta divulgado na rede social X.

Tabarre é uma comuna localizada perto do aeroporto de Porto Príncipe, no nordeste da capital haitiana.

Um residente local contactado pela agência France-Presse (AFP) confirmou ter ouvido disparos intensos desde o meio da manhã, sugerindo confrontos entre a polícia e gangues criminosos que governam parte do país e a sua capital desde 2024.

O país das Caraíbas continua a viver um clima de violência e um ex-senador haitiano, Nenel Cassy, foi detido no sábado num restaurante em Pétion-Ville, um subúrbio de Porto Príncipe, confirmou a Polícia Nacional Haitiana (PNH).

O seu porta-voz, Michel Ange Louis Jeune, lembrou à AFP que o ex-eleito era alvo de um mandado de busca e apreensão desde fevereiro por conspiração contra a segurança do Estado, financiamento de organizações criminosas, cumplicidade em homicídio e associação criminosa.

Cassy foi detido na sede central da polícia judiciária e a sua casa foi alvo de buscas, segundo a PNH.

Em 2024, a ONU registou mais de 5.600 mortes relacionadas com a violência de gangues (mais 20% do que em 2023), 1.500 sequestros, quase 6.000 casos de violência de género (incluindo 69% de agressões sexuais) e um aumento de 70% no número de crianças recrutadas à força por grupos armados.

O Haiti, o país mais pobre das Américas e um dos mais carenciados do mundo, há muito que sofre com a violência de gangues criminosos, acusados de homicídio, violações, pilhagens e raptos, num contexto de grande instabilidade política.