
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira, na Feira do Livro do Porto, que as medidas de resposta aos incêndios em Portugal precisam de ser mais ágeis e menos burocráticas, alertando que “quem decide em cima da hora, muitas vezes chega tarde”.
Marcelo recordou que em 2017 não havia base legal para indemnizações, mas sublinhou que hoje o cenário é diferente e que já existem mecanismos que podem ser aplicados de forma rápida. O chefe de Estado garantiu ainda que irá acompanhar e fiscalizar as medidas urgentes anunciadas pelo Governo, mas reconheceu que o pacto de 25 anos para a prevenção de incêndios não será prioridade no final do seu mandato.
Prevenção ainda insuficiente
O Presidente destacou que várias medidas de prevenção implementadas após a tragédia de Pedrógão Grande, em 2017, não tiveram os resultados esperados, como a substituição de espécies florestais mais inflamáveis ou a limpeza dos terrenos.
Este ano, embora a área ardida tenha já ultrapassado a de 2017, Marcelo considera que houve uma opção correta: proteger vidas humanas e povoações, mesmo que isso significasse maior perda florestal.
O chefe de Estado também reconheceu que o combate foi dificultado pelo fumo intenso, que impediu a atuação dos meios aéreos em várias frentes.
Comunicação do Governo e atuação política
Apesar de dizer que não queria comentar a comunicação do Executivo, Marcelo acabou por concordar com Luís Montenegro, admitindo que a perceção pública pode ter sido de falta de acompanhamento próximo. Ainda assim, lembrou que o agravamento dos incêndios foi repentino e que até a Proteção Civil estava confiante até à noite de 15 de agosto, quando a situação se complicou.
Quanto às críticas à ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, Marcelo pediu compreensão, lembrando que até ministros experientes enfrentaram dificuldades em anos anteriores.