
O rendimento médio por habitante em Portugal está afinal abaixo do que os números oficiais indicam, segundo um estudo da Faculdade de Economia do Porto (FEP). A análise aponta um erro estatístico relevante, ao ignorar dados mais recentes sobre a população imigrante com residência legal, fornecidos pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
Portugal desce do 18.º para o 19.º lugar na União Europeia quanto ao rendimento per capita, e o índice desce de 80,7% para 78,92% da média europeia, ao incluírem os cerca de 250 mil imigrantes que o Instituto Nacional de Estatística (INE) ainda não contabilizara.
O relatório da FEP, assinado pelo seu diretor, Óscar Afonso, alerta que o país poderá ter, até ao final de 2024, mais 378 mil pessoas do que o registado oficialmente, representando uma quebra adicional de 2,4 pontos percentuais no nível de vida médio dos portugueses face à União Europeia.
“É urgente integrar os dados da AIMA nas estatísticas do INE e da UE para garantir políticas públicas sustentadas por informação realista e atual”, defende Óscar Afonso.
A diferença entre os números oficiais e a realidade apurada pela AIMA não é apenas técnica: impacta diretamente a leitura da economia nacional, o acesso a fundos europeus e a credibilidade das políticas sociais e de integração.
Este caso expõe falhas graves no cruzamento de dados oficiais e levanta dúvidas sobre a capacidade de resposta do Estado em acompanhar a evolução demográfica do país, num momento em que a imigração tem um peso crescente na estrutura populacional.
Portugal enfrenta assim um novo desafio: conciliar a integração de milhares de imigrantes com uma leitura estatística que não os apague dos indicadores socioeconómicos nacionais.