
O caso começou quando, à revelia da mãe, os dois filhos do casal, então com dois e quatro anos, foram levados de Madrid, onde viviam com os pais já separados, para Lima, no Peru. Desde então, Ana Gaivão raramente conseguiu estar com Rafael e Filipe. Segundo a mãe, os comportamentos das crianças mudam dependendo de quem lhes faz as perguntas, o que considera ser um caso de alienação parental e violência psicológica.
No dia 9 de junho, Ana recebeu uma decisão favorável da Justiça peruana, que decretou a entrega imediata das crianças à mãe. Apesar de já terem sido marcadas duas datas para a concretização da decisão, o pai recusou cumprir a ordem judicial.
O marido de Ana Gaivão conseguiu a guarda provisória das crianças convencendo o tribunal de que a mãe sofria de problemas psicológicos, o que representava um perigo para as crianças. Após mais de um ano de disputa com a Justiça peruana, Ana Gaivão partilha agora nas redes sociais que se reencontrou finalmente com os dois filhos.
"Com o coração cheio de emoção, compartilho que Rafael e Felipe já estão comigo novamente ❤️
Obrigado infinito aos que nos apoiam e nos acompanham neste processo.
Protejamos sempre o direito de todas as crianças a uma infância segura e amorosa", escreveu Ana Gaivão na página de Facebook que criou para alertar para o caso.
Com mestrado em Políticas Públicas na Universidade de Harvard nos Estados Unidos, Ana ocupava o cargo de subdiretora numa das maiores plataformas de emprego na Europa. Vivia em Madrid com o marido e os filhos até julho do ano passado.
O pai das crianças, sem qualquer consentimento da mãe, conseguiu um voo até Lima, no Peru, e Ana perdeu o rasto aos filhos.
Com posses financeiras e influente no Peru, onde nasceu, o marido conseguiu a guarda provisória das crianças convencendo o tribunal que a mãe sofre de problemas psicológicos e que representa um perigo para as crianças. No entanto, a saúde mental de Ana nunca foi alvo de qualquer perícia médica.
"Eu tive dois episódios de depressão, um em 2009 e outro em 2015. Que foram acompanhados por profissionais e tratados. O meu marido agarrou-se disso para dizer uma quantidade de mentiras e para manipular e falsificar informação", afirmou à SIC.
Desesperada, Ana mudou-se para o Peru sozinha à procura apenas de poder ser mãe. Através do Convenção de Haia avançou, entretanto, com um processo internacional para recuperar as crianças.
Criou páginas na internet a pedir ajuda e contactou o Estado português, que acabou por prometer apoio. Depois de mais de um ano de luta em que comprometeu o o trabalho em Madrid, Ana anuncia agora, nas redes sociais, o desfecho feliz desta longa história.