O Ministério das Finanças da Alemanha garantiu, nesta segunda-feira, que não vai vender as suas ações no Commerzbank. Esta posição do executivo surge no seguimento da subida para 26% da posição do UniCredit na estrutura acionista da instituição.

O ministério reforçou ainda que continua a opor-se a uma aquisição, por parte do banco italiano, do Commerzbank, segundo fonte oficial do executivo citada pela agência Reuters. Acrescenta ainda que os contornos do negócio são “descoordenados e hostis”.

Recorde-se que o UniCredit revelou há meses que está interessado em adquirir o Commerzbank, tendo, desde então, fortalecido a sua posição no banco, que ascende neste momento a cerca de 26% do capital. No mês passado, o banco tornou-se o maior acionista, com 20%, superando os cerca de 12% do executivo alemão. Do outro lado, o Governo da Alemanha – tanto o atual encabeçado pelo CDU como o anterior, liderado pelo SPD – é contra esta operação.

Governos para um lado, Europa para o outro

Esta posição contrária a fusões entre grandes bancos está a ser notória em vários países europeus. Em Itália, o UniCredit viu a sua outra tentativa de fusão, desta feita com o Banco BPM, falhar após as várias imposições do executivo levarem o banco a retirar a sua oferta. Aqui ao lado, em Espanha, o Governo de Pedro Sánchez autorizou a compra do Banco Sabadell pelo BBVA, mas impôs também condicionantes para que a operação seguisse em frente.

Até em Portugal esta questão se fez sentir. Antes de se saber o destino do Novo Banco, a ideia de a instituição ser vendida a espanhóis, nomeadamente ao CaixaBank, não agradou ao Governo. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu que a representação espanhola na banca portuguesa não devia aumentar.

De forma irónica, os líderes europeus têm-se manifestado precisamente de forma oposta, apelando a fusões bancárias que criem atores de mercado maiores e mais competitivos, de forma a poderem competir ao nível dos gigantes americanos. Mais ainda, a própria Comissão Europeia já abriu um processo contra Espanha pela imposição de condições ao negócio do BBVA e chegou a ameaçar Itália do mesmo.

A comissária europeia para os Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque, relembrou até que a competência sobre fusões era apenas do Banco Central Europeu (BCE) e das autoridades da Concorrência de cada país, o que contrasta com as intervenções dos governantes neste assunto. Também recentemente, Pedro Machado, membro do Conselho de Supervisão do BCE, e o presidente da Autoridade Bancária Europeia, José Manuel Campa, se mostraram favoráveis a mais fusões bancárias.