
A antiga vice-presidente do Parlamento e ex-secretária de Estado Teresa Caeiro deixa o CDS-PP, após três décadas de militância no partido. O anúncio foi feito pela própria em entrevista à Antena 1, justificando a sua desfiliação face a um partido que perdeu a identidade.
“O projeto partidário do CDS não evoluiu, não inovou, não tem identidade própria e, francamente, não me mobiliza”, alegou a antiga secretária de Estado.
Segundo Teresa Caeiro, foi uma “decisão muito ponderada” e “solitária”, após ter dado o benefício da dúvida durante algum tempo, porque acreditava que o CDS merecia a “oportunidade de se renovar e reerguer”. “Não é de ânimo leve que se deixa um partido ao fim de quase 30 anos de militância. Um partido que me deu muito, mas para o qual também tentei contribuir empenhadamente”, sublinhou.
O desencanto com o rumo do CDS começou durante a presidência de Francisco Rodrigues dos Santos, mas, ao contrário de Adolfo Mesquita Nunes e António Pires de Lima – da ala liberal –, Teresa Caeiro não se desfiliou do partido em outubro de 2021, na expectativa de que o CDS pudesse renovar-se internamente com a liderança de Nuno Melo.
Ainda assim, não deixou de alertar para o rumo do partido, face à “sangria” de quadros e arriscando-se a alcançar “irrelevância política”. “Sou militante do CDS desde 1996 e foi com enorme honra que durante tantos anos servi o meu partido em várias funções. Houve circunstâncias difíceis, mas, sobretudo, houve um percurso com valores, com visão, consistente, tolerante e agregador. O CDS que conheci, sob a liderança de Paulo Portas, cresceu e foi relevante por aceitar as várias tendências dentro do partido, não afastando ninguém”, sustentou na altura, atacando a “indiferença” da direção de ‘Chicão’.
A antiga secretária de Estado valorizava o CDS de Paulo Portas, que conseguiu, de certa forma, conjugar várias correntes, desde mais conservadores a liberais. “À minha direta, só parede”, defendia o então presidente dos centristas. Mas sem a mudança desejada, mesmo com a liderança de Nuno Melo, viu-se, assim, obrigada a deixar agora também o partido, que integra o Governo de Luís Montenegro.
A jurista foi chefe de gabinete do grupo parlamentar do CDS e depois foi eleita deputada pelo partido. Foi membro da comissão diretiva do CDS entre 2003 e 2005, tornando-se mais tarde vice-presidente do partido, em 2008.
Foi ainda vice-presidente da Assembleia da República e secretária de Estado da Segurança Social no Governo de Durão Barroso, além de secretária de Estado das Artes e dos Espectáculos no Executivo de Santana Lopes.