Os quatro maiores bancos francês – BNP Paribas, Groupe Crédit Agricole, Société Générale e Groupe BPCE – reportaram, no segundo trimestre, uma receita total de 36,4 mil milhões de euros, mais 4,1% em termos homólogos. Olhando mais em detalhe, o Groupe BPCE destaca-se com um crescimento na vertente do retalho de 9,8%, enquanto o total das quatro instituições nesta rubrica subiu apenas 5,5%.

As receitas da banca de retalho equivalem a 31% do total do rendimento neste trimestre terminado em junho, de acordo com uma análise da Morningstar DBRS. Na outra ponta aparece o Crédit Agricole, onde o retalho aumentou 2,5%. No BNP Paribas, subiu 3,2% e no Société Générale 7,4%.

A agência de ‘rating’ explica ainda que os bancos franceses estão agora a beneficiar da descida das taxas de juro – ao contrário dos pares europeus, que estão a ser prejudicados pela mesma razão. A tendência de subida observada anteriormente fez diminuir as margens financeiras dos bancos francófonos devido a “uma grande proporção de depósitos regulados que acompanham as taxas de juro de referência” e, por outro lado, “uma elevada proporção de empréstimos de longo prazo a taxa fixa”.

Com a descida que se verificou, aliada a mais crédito e empréstimos mais caros, os quatro maiores bancos de França lucraram com esta situação. Neste contexto, esclarece a agência de notação financeira, o BPCE destaca-se como tendo uma grande exposição a depósitos regulados e, portanto, viu a sua margem crescer neste período. O banco é, aliás, dos poucos que revela dados sobre essa mesma margem, sublinha a agência, que cresceu 7% em termos homólogos para 2,2 mil milhões.

Nos restantes bancos, houve outros fatores. “O aumento de 7,4% na receita do SocGen deveu-se a um menor efeito adverso relacionado com as coberturas de taxas de juro de curto prazo que venceram em meados de 2024”, adianta a DBRS. O Crédit Agricole teve uma redução da margem face ao ano anterior, mas, ainda assim, melhor em cadeia. Já o BNP Paribas espera uma maior margem financeira na segunda metade do ano.

Também no ‘trading’ o BPCE se destacou. As receitas de ‘corporate and investment banking’ aumentaram apenas 3% entre o segundo trimestre de 2024 e o de 2025, fruto de menos ‘equity trading’ no BNP Paribas e Société Générale, salienta a DBRS. Por outro lado, em ‘fixed income and currencies’ houve um desempenho mais positivo, onde o BPCE cresceu 19%. A par disto, teve também uma subida de 13% em ‘equities’. Contudo, a agência de notação alerta que os bancos não têm os mesmos perímetros para aquilo que consideram ser banca de investimento, pelo que os desempenhos não são comparáveis.

No que diz respeito a serviços financeiros especializados, ‘private banking’, gestão de ativos e seguros, a subida foi “modesta” e de 1,2%, em termos anuais. Destacam-se as receitas de seguros, que aumentaram 11%. Houve também mais entradas na área da gestão de ativos, mas, devido às tarifas e à consequente deterioração dos ativos, o total das receitas manteve-se estável.

Rácio de eficiência aprimorado e operações em alta

Apesar do crescimento modesto em receitas, os bancos franceses mantiveram uma gestão de custos controlada, em geral. As despesas aumentaram 1,4%, com destaque para o Société Générale, onde os custos caíram 5,2% face ao anterior, também fruto de desinvestimento em certas linhas de negócio, segundo a DBRS. Já o BPCE teve o maior aumento, de 7,4%. Ainda assim, o seu rácio de eficiência melhorou, caindo de 71% para 68%. No geral, este rácio fixou-se em 61% para estes quatro bancos, menos 2 pontos percentuais do que um ano antes.

Estas instituições protagonizaram ainda algumas operações notáveis no trimestre. Destaca-se o BPCE, que chegou a acordo para adquirir o Novo Banco por 6,4 mil milhões. No caso do Crédit Agricole, esta empresa reafirmou a sua presença no italiano Banco BPM, agora superior a 20%. Ao mesmo tempo, separou a divisão norte-americana da sua gestora de ativos Amundi. Por fim, o BNP Paribas finalizou a aquisição da gestora de ativos da seguradora Axa.

A DBRS realça também o desempenho destas instituições nos testes de stress da Autoridade Bancária Europeia. Apesar de todos manterem níveis de capitalização sólidos perante as condições adversas, a agência nota que os bancos cooperativos – Crédit Agricole e BPCE – são mais impactados do que os pares, não apenas os franceses, mas também os internacionais. Isto prende-se com o modelo de negócio dos mesmos, que depende menos de banca de investimento e tem uma grande carteira de créditos de longo prazo. Contudo, a DBRS realça que os dois bancos cooperativos apresentam, de momento, uma capitalização maior do que a dos rivais domésticos.