
O Banco Sabadell viu as notações atribuídas pela S&P Global Ratings a serem reforçadas após a aprovação pelos acionistas da venda da subsidiária britânica, TSB, e consequente dividendo extraordinário. A agência de notação financeira confirma que a instituição mantém o nível A- para emissões de longo prazo e A-2 para curto prazo. A perspetiva continua estável, informa a S&P Global.
A agência salienta ainda as notações atribuídas de A e A-1 de longo e curto prazo, respetivamente, para ‘ratings’ de resolução de contraparte, bem como todos os ‘ratings’ de emissor.
Fruto desta operação, a capitalização do Sabadell vai aumentar temporariamente, mas a maioria deste capital vai ser distribuído aos acionistas, tal como aprovado na assembleia. Após a venda do TSB, o CET1 do banco deve subir cerca de 4,09 pontos percentuais, totalizando 17,7%, contra 13,6% no final de junho deste ano. A S&P Global nota ainda que o rácio de capital ajustado ao risco vai fixar-se em cerca de 9% durante os próximos dois anos, ligeiramente acima dos 8,9% registados no final de 2024.
No que diz respeito à previsão de rentabilidade do banco nos próximos tempos, a agência de ‘rating’ estima que esta sofra um declínio, devido à descida da margem financeira. Contudo, deve manter-se sólida e semelhante aos pares. O crescimento da carteira de crédito, uma recuperação nas comissões e medidas de contenção de custos devem compensar parcialmente a contração da margem, segundo a S&P Global. Por sua vez, o custo de crédito deve manter-se razoável, ligeiramente acima de 40 pontos base. Em geral, a agência espera um ROE de 11,5% e um rácio de eficiência de 47% até 2027.
A agência de ‘rating’ adianta que considerou a contribuição do TSB para o Sabadell, em termos de crédito, como neutra. Segundo a análise, mais de 90% da carteira de crédito – que constitui 28% do total do crédito do Sabadell – são créditos à habitação de baixo risco. Isto contribuiu, explica a agência, para diversificar o risco em termos geográficos e de negócios. Apesar do baixo risco, estes empréstimos tinham uma rentabilidade e eficiência abaixo dos créditos domésticos do Sabadell.
A venda do TSB vai resultar ainda num aumento do MREL do Sabadell, que se estima que chegue a um ‘buffer’ de 7,2%. No entanto, o banco já avançou que pretende baixar este valor para 2,5%, com uma emissão líquida negativa ao longo dos próximos dois anos.
Demorou seis anos para que o TSB tivesse resultados positivos desde que foi adquirido pelo banco espanhol em 2015. Em 2024, representou 14% do lucro do grupo. Ao mesmo tempo, a subsidiária, atenta a S&P Global, é independente do Banco Sabadell do ponto de vista do financiamento e da liquidez. A sua alienação vai retirar ao banco catalão esta receita e alguma estabilidade no perfil de risco, mas, ao mesmo tempo, vai permitir ganhos de eficiência e capacidade de concentração no mercado doméstico, estima a agência.
A S&P Global avisa que pode baixar o ‘rating’, ainda que o considere improvável neste momento, de emissor de longo prazo do Sabadell caso o seu apetite ao risco aumente, a qualidade dos ativos deteriore ou o seu desempenho fique atrás dos pares. Por outro lado, uma elevação da notação pode acontecer caso o ‘buffer’ mantido seja mais alto ou caso o banco opere maiores níveis de capital, isto é, um rácio RAC acima de 10% de forma sustentável, ao mesmo tempo que a qualidade dos ativos se mantém sob controlo.
Recorde-se que o Sabadell enfrente uma Oferta Pública de Aquisição pelo BBVA – que reafirmou a mesma nesta segunda-feira. A S&P Global indica que uma alteração positiva ao ‘rating’ é possível caso haja uma fusão das entidades e Sabadell se torne crucial para o BBVA. Neste caso, a agência revela que até iria colocar ambas ao mesmo nível. Contudo, dada a estipulação do Governo espanhol de apenas fundir os bancos daqui a três anos, no mínimo, a S&P Global não considera que o Sabadell vá ter tamanha relevância para o BBVA na fase inicial.