Após o empate no arranque da Liga Betclic, o Estoril desloca-se este sábado à Cidade Berço para medir forças com o V. Guimarães, no D. Afonso Henriques, a partir das 18h00.

"Podemos ter um bom jogo porque de certeza que no campo vai haver bons jogadores que têm a atitude e a ambição para jogar bem, jogar para ganhar e querer dominar o jogo. Isto pode-nos dar um bom jogo de futebol, o que é bom para todos", destacou Ian Cathro.

Em conferência de imprensa, realizada esta sexta-feira, o técnico dos canarinhos fez questão de sublinhar que a sua equipa também não ficou satisfeita com o resultado obtido na ronda inaugural na receção ao Estrela da Amadora. "[Se o Vitória está ferido?] Nós também! Ok, empatámos. Mas, não havia sensação nenhuma de algo conquistado. Então, se eles andam ali feridos e querem dar uma resposta como dizem muito aqui na vossa língua, nós também!", desabafou.

Questionado sobre se o trabalho realizado na preparação para a visita a Guimarães, após a igualdade perante a turma da Reboleira, decorreu num tom de inconformismo, foi perentório: "Não trabalhamos sobre as emoções, trabalhamos sobre o jogo, a parte mais importante é a fase em que estamos. Vamos tentar melhorar todos os dias e todos os jogos. Vamos fazer jogos muito completos e vamos fazer jogos não tão completos. Temos de procurar ser muito honestos e fazer uma boa análise sobre o que fizemos em campo para ver onde é que podemos e temos que melhorar. Mas, também, tem sempre a parte da cabeça, do sentimento, da parte psicológica, que nós queremos ganhar mais vezes e falhamos. Esse sentimento que tu levas de um jogo para o outro, talvez indique mais intensidade, agressividade, ou mais foco nisto ou naquilo. Se isto é verdade para uma dessas duas equipas, olhando para a equipa do V. Guimarães e do Estoril, mesmo que uma tenha começado com uma derrota e outra com o empate, acho que ambas vão chegar ao campo com o mesmo sentimento porque nenhuma ficou nada feliz com o que aconteceu na primeira jornada".

Quanto aos pontos fortes do adversário, o britânico atirou: "Já conhecemos bem o plantel e os jogadores mais influentes no jogo do Vitória. É uma equipa que tem muita qualidade. Tem um meio-campo fantástico, muita verticalidade e aceleradores no ataque, é uma equipa que tem muita coisa. Obviamente, estão a começar uma nova época, com um novo treinador e isto também cria do nosso lado, a equipa que vai jogar contra o Vitória neste momento, uma falta de certeza porque é um trabalho que está a ser desenvolvido e ele [treinador], também, precisa de tempo para mostrar tudo isso mas, não tenho que me preocupar com isso".

No que concerne ao facto de enfrentar uma das massas adeptas mais entusiastas do futebol português, o técnico escocês não se mostrou minimamente incomodado. "Gosto muito do ambiente [do D. Afonso Henriques]. Só tenho coisas boas para dizer sobre o clube. Acho que é importante que Portugal, também, tenha outros clubes, além dos chamados grandes, que tenham esse impacto e tenham uma massa adepta que apoie muito. Tudo isso é muito fixe mas, tenho que dizer, também, que já estive noutros sítios... 20 mil não fazem barulho. [Com] 50, 60, 70 mil é mais difícil. Como queremos crescer e melhorar, isto não faz nada. Eles podem gritar como querem, não vai fazer nada", sublinhou.

Relativamente ao equilíbrio que Cathro confessou que faltava no plantel antes do arranque da Liga, foi questionado pelos jornalistas se o lateral-direito Ricard Sánchez e o central Or Israelov contratados esta semana já deram esse equilíbrio, ao que respondeu: "O trabalho para equilibrar o plantel durante a janela [de transferências] nunca pára porque a porta abre nos dois lados, então não pára. Gostamos mesmo muito de tentar fazer o nosso trabalho bem pensado, com tempo, de uma forma privada e tentar tomar as melhores decisões. Peço desculpa mas, não vou dizer que vêm mais dois [jogadores] ou não vem ninguém ou se vai sair alguém... porque isso é para nós e depois quando acaba vocês vão estar informados".

Já sobre a possibilidade de Or Israelov ser opção para Guimarães foi pragmático: "Ainda estamos a ver isso. Há várias necessidades mesmo com um jogador que vem de fora, lembro tive a mesma situação e não podia estar presente no primeiro jogo da época passada por causa desta parte burocrática. Acho que ainda estamos neste processo. Temos que deixar os protocolos andar e quando tivermos luz verde, aí podemos olhar mesmo para todas as circunstâncias e tomar essa decisão. Agora, não posso dizer, estou à espera de mais informações. Ele já fez jogos e tudo isso, está mais perto de ser opção".

Por outro lado, o treinador de 39 anos, na segunda temporada ao comando das tropas do António Coimbra da Mota, assumiu grande ambição e mentalidade ganhadora. "Talvez já tenhamos ganho algum respeito aqui porque pelo menos sinto que as pessoas veem o Estoril um bocadinho diferente e pelo menos pensam que sabem jogar um bocadinho mas esse saber jogar um bocadinho vale muito pouco para nós. Sim, sabemos jogar à bola também, sabemos competir, ma so que nós queremos é ganhar. Nestes momentos que são determinantes queremos ganhar uma postura diferente, ser mais dominantes e um bocadinho mais matador", reforçou.

Depois da crítica construtiva deixada por Ian Cathro "na parte final da época passada sobre [a importância de haver] mais tempo útil" nos jogos do principal escalão do futebol português, o britânico não deixou passar em claro a inovação para a nova temporada da Liga Portugal: "Acho que, durante a passada jornada, a primeira, com as bolas ao lado do campo, correu muito bem. Vimos em todos os jogos momentos em que os jogadores estão a ver mais vantagens em pôr a bola no jogo do que vantagem em não pôr a bola em jogo mas, temos que ir com calma com isso porque vi também um lance no nosso jogo e outros três lances noutros jogos em que quando a bola saiu, os jogadores foram para a próxima bola mais à frente, agarram-na e lançaram-na... se não controlarmos isso vamos ter problemas. A bola tem que entrar no sítio que saiu. Mesmo eu, como alguém que gosta de ver futebol, [quero] dizer: parabéns e obrigado por essa mudança. É bom para o jogo, jogadores, para quem vê os jogos e ajuda a imagem do futebol português. Só que peço por favor aos árbitros para não permitirem que essa bola entre com uma vantagem ridícula porque se a bola sair, ela tem que entrar onde saiu".