A jornada inaugural assombrou o Benfica nos últimos dois anos. Há duas épocas, a deslocação ao Bessa terminou com uma derrota por 3-2 frente ao Boavista, e, na temporada passada, foi em Vila Nova de Famalicão que o Benfica começou a perder novamente no arranque do campeonato, dessa vez com uma derrota por 2-0.

Esta temporada, a turma de Bruno Lage queria quebrar o enguiço e começar a época com o pé direito, naturalmente. Efetivamente consegui-o, ao vencer o Estrela da Amadora por 0-1. Mas a história não resulta desse facto.

Apesar de quebrar uma tradição negativa que se começava a formar, o Benfica fez história na Reboleira por conseguir vencer os primeiros quatro jogos oficiais da temporada sem sofrer qualquer golo. Há 110 anos que isso não acontecia. É um feito notório, e que fica agora marcado nos livros de história do clube da Luz.

Qual será a razão por de trás deste facto? Será a consistência defensiva, será a falta de criatividade adversária ou será um conjunto de vários fatores?

A verdade é que a defesa do Benfica é uma questão bem resolvida. Otamendi e António Silva, desde o Mundial de Clubes, têm assegurado o eixo defensivo encarnado. A principal melhoria acaba mesmo por ser o rendimento do jovem central, que em tempos não oferecia esta estabilidade. Já Otamendi continua a reforçar o estatuto imperial que lhe pertence.

Outro facto que ajuda, e muito, o Benfica a não sofrer golos é a dupla que se apresenta imediatamente à frente da defesa. Enzo Barrenechea e Richard Ríos complementam-se de uma forma muito positiva, nos dois planos - o ofensivo e o defensivo. Mas, defensivamente falando, a dupla encarnada destaca-se sobretudo nos duelos e disponibilidade física no miolo.

Frente ao Estrela, os sul-americanos do Benfica disputaram 40 duelos, tendo ganho 42 por cento dos mesmos. São médios intensos, combativos e essenciais para o bom funcionamento da equipa encarnada, sendo esta uma das principais diferenças para o meio campo da época passada.

A estes dois juntam-se também Florentino e Barreiro, que, tal como neste jogo com o Estrela, saem do banco para exercer um papel secundário mas essencial para a continuidade deste processo.

Além disso, importante não esquecer também a relevância de jogadores como Aursnes, Dedic ou Samuel Dahl, os "jokers" deste sistema utilizado por Bruno Lage. Tanto os laterais como o médio são fundamentais em todos os momentos do jogo e acabam por exercer funções em vários momentos do jogo, garantindo estabilidade e equilíbrio à equipa. Não se pode pedir muito mais destes atletas neste sentido.

Agora, resta saber se o Benfica consegue continuar com este registo e, quiçá, continuar a escrever história para os livros do clube.