
Há muitos anos, fui o orgulhoso proprietário de um Nexus One, o primeiro smartphone a levar a marca Google como terminal oficial da empresa norte-americana. Isso foi graças à generosidade calculada que a empresa do motor de busca demonstrou no Mobile World Congress de 2010, que cobri — como tenho feito quase todos os anos desde então — como jornalista, já que a empresa ofereceu vários milhares desses terminais a todos os que assistiram às suas conferências.
Desde então, marcas como Sony, Samsung, Apple ou Huawei foram as que entraram no meu bolso através do meu telemóvel, e só muito recentemente é que voltei ao redil da Google com um Pixel 8 Pro.
Os motivos dessa ausência entre as fileiras de utilizadores de terminais da marca foram muito variados e têm mais a ver com as vantagens oferecidas pela concorrência do que com as próprias fraquezas da Google como fabricante de smartphones. Mas o rumo que a empresa de Mountain View fez a série Pixel tomar nos últimos anos fez-me voltar e, além disso, recomendá-la a outros pelos motivos que enumerarei a seguir.
Em primeiro lugar, porque são os primeiros terminais a receber as últimas atualizações do Android. Isto é interessante para mim, como «freak» de dispositivos eletrónicos e software, mas também para qualquer utilizador normal que utilize o seu terminal também no âmbito profissional/produtivo.
O interesse em poder aceder às últimas versões inclui a pré-visualização de novas funcionalidades, como é o caso do incipiente Modo Escritório no Android 16, que chegou primeiro aos Pixel através da atualização correspondente e que me permitiu avaliar se posso começar a pensar em substituir o meu computador portátil pelo telemóvel mais um ecrã (spoiler: por enquanto, não).
As funções de inteligência artificial desenvolvidas pela Google são outro exemplo de funcionalidade que podemos ver como avançada, pois geralmente é lançada primeiro para os Pixel e, depois, adaptada pelos outros fabricantes.
Ter uma interface Android pura é uma vantagem nesse sentido, já que os terminais das principais grandes marcas utilizam um Android personalizado que exige que as empresas adaptem as novas versões do Android para que funcionem com seus launchers e programas personalizados, o que leva os proprietários de um Pixel a desfrutar antecipadamente das novidades.
Além disso, a Google segue a tendência de aumentar a vida útil dos seus terminais, prolongando o período durante o qual publica atualizações de software, que atualmente, para os Pixel, está fixado em sete anos, uma vida inteira para um smartphone moderno.
Se a tudo isto adicionarmos a existência de um canal Canary do Android para os dispositivos Pixel, que nos mostra as versões mais experimentais da plataforma, o que implica ter um olho no futuro deste sistema operativo, temos um terminal perfeito para quem gosta de estar na vanguarda ou, simplesmente, precisa de estar por motivos profissionais.
Mas se deixarmos de lado a faceta muito importante do software, no que diz respeito ao hardware, a série Pixel não fica atrás, como refletem os rankings da Dxomark no que diz respeito à fotografia, e também com ecrãs da melhor qualidade e configurações de processador e memória suficientemente amplas para enfrentar o dia-a-dia.
Em resumo, na minha modesta opinião, os proprietários de um Google Pixel têm uma vantagem, embora tenhamos de suportar algumas pequenas desvantagens, como uma política ambígua da empresa do motor de busca que exclui alguns modelos não tão modernos de determinadas novas funcionalidades, preços elevados (comparáveis, aliás, com as outras marcas) nos modelos mais potentes e uma reparabilidade que gera algumas dúvidas.