
O presidente executivo da Nvidia, Jensen Huang, esteve esta sexta-feira em Taipé para visitar a TSMC, principal fabricante dos semicondutores da empresa norte-americana, numa altura em que aumentam as tensões entre Washington e Pequim sobre o acesso da China a chips de inteligência artificial. A visita ocorreu poucos dias antes da divulgação dos resultados trimestrais da Nvidia e coincidiu com a suspensão de trabalhos relacionados com o chip H20, após advertências de Pequim sobre riscos de segurança.
Segundo Huang, citado pela Reuters, o principal objetivo da deslocação foi agradecer à TSMC pelo trabalho conjunto, revelando que já foram concluídos seis novos chips para a Nvidia, incluindo uma nova unidade gráfica (GPU) e um processador de fotónica de silício destinados à futura geração de supercomputadores com arquitetura Rubin. Esta é a primeira vez que todos os chips de uma arquitetura da Nvidia são totalmente novos, assinalando um marco para a empresa.
A TSMC confirmou que Huang participou num encontro interno onde apresentou a sua visão de gestão. O executivo esteve apenas algumas horas em Taipé, regressando após um jantar com responsáveis da fabricante de semicondutores.
A suspensão da produção e montagem do chip H20 envolve fornecedores como a Foxconn, a Amkor Technology e a Samsung Electronics, de acordo com informações avançadas por meios especializados. A decisão surge depois de autoridades chinesas alertarem empresas locais para potenciais riscos de segurança ligados a este modelo, embora a Nvidia rejeite a existência de vulnerabilidades.
O H20 foi desenvolvido especificamente para a China em resposta às restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos em 2023. Apesar de a Nvidia ter recebido em julho autorização para retomar vendas do modelo, em abril foi novamente obrigada a interromper as entregas. Pouco depois, a empresa encomendou 300 mil unidades do H20 à TSMC para reforçar o inventário, dada a forte procura por parte de empresas chinesas. Contudo, novas acusações de risco de segurança levaram a que o produto ficasse sob maior escrutínio.
Paralelamente, a Nvidia trabalha num novo chip identificado provisoriamente como B30A, baseado na sua mais recente arquitetura Blackwell e mais poderoso que o H20. Huang confirmou que decorrem conversações com Washington sobre a possibilidade de disponibilizar à China um sucessor do H20, mas sublinhou que a decisão final cabe às autoridades norte-americanas.
Recentemente, Donald Trump admitiu a hipótese de permitir a venda de chips mais avançados da Nvidia e da AMD no mercado chinês, mediante um acordo em que o governo dos Estados Unidos receberia 15% das receitas dessas transações.
A incerteza regulatória tem obrigado a Nvidia a gerir cuidadosamente a sua cadeia de fornecimento, aguardando por encomendas firmes antes de avançar com novas compras. A empresa reforça que o H20 não é um produto de uso militar nem destinado a infraestruturas governamentais, e que a sua exportação não deve ser considerada um risco para a segurança nacional.