O estudo da Sophos sublinha uma tendência que tem ganho força: os Chief Information Security Officers (CISO) estão sob risco crescente de afastamento após incidentes de ransomware. Segundo os dados, existe uma probabilidade de 25% de que um ataque bem-sucedido resulte na saída do CISO da organização, independentemente da sua responsabilidade direta sobre a ocorrência.

Especialistas da área afirmam que este dado traduz a crescente pressão ao nível da administração quando a função de cibersegurança não atinge os resultados esperados. Mesmo que os fatores que originam o ataque estejam fora do controlo direto do responsável, os decisores continuam a exigir que a equipa de segurança consiga antecipar e evitar qualquer cenário crítico.

Alguns analistas alertam, no entanto, que a substituição imediata do CISO após um incidente pode transmitir sinais errados dentro da empresa. Em casos em que os planos de resposta foram seguidos, as ferramentas de deteção funcionaram e a recuperação ocorreu dentro dos prazos definidos, a saída do responsável pode ser interpretada como uma medida meramente simbólica e não estratégica.

Por outro lado, existe consenso em torno da necessidade de mudança de liderança quando se verifica a ausência de medidas básicas, como segmentação de rede, realização de cópias de segurança ou exercícios de simulação de crise.

Outro fator apontado é o desgaste profissional. A gestão de um ataque de ransomware é descrita como extremamente exigente, conduzindo alguns CISOs a apresentarem a demissão voluntariamente, seja por exaustão, seja por conflitos internos gerados no processo de resolução.

Autoridade e responsabilidade partilhada

Segundo alguns analistas, a autoridade do CISO nem sempre acompanha a responsabilidade que lhe é atribuída. Em muitas empresas, decisões estratégicas de negócio são tomadas ao nível das unidades operacionais, por vezes contra as recomendações da área de cibersegurança. Nesses casos, questiona-se até que ponto é justo imputar ao CISO a totalidade da culpa por uma falha grave.

Para ilustrar, especialistas comparam essa situação a culpar um comandante dos bombeiros por um incêndio causado por negligência do proprietário. Os CISO e as suas equipas têm sobretudo a função de reagir, limitar danos e implementar aprendizagens para reduzir riscos futuros.

A falta de envolvimento dos responsáveis de segurança em reuniões críticas continua, contudo, a ser uma prática reportada. Algumas direções evitam a sua participação por receio de que possam impor travões a decisões de negócio, o que agrava a falta de alinhamento entre estratégia empresarial e proteção digital.

Vetores de ataque mais frequentes

O relatório da Sophos evidencia que as vulnerabilidades não corrigidas permanecem a principal porta de entrada para ataques de ransomware, representando 32% dos casos. Cerca de 40% dos inquiridos admitiram que os ataques decorreram de falhas conhecidas que não tinham sido resolvidas, resultando em prejuízos financeiros significativos.

As credenciais comprometidas surgem como o segundo vetor mais comum, embora em queda, passando de 29% em 2024 para 23% em 2025. Já as ameaças via e-mail ganharam relevância. As mensagens maliciosas foram responsáveis por 19% dos incidentes e o phishing por 18%, um crescimento expressivo face aos 11% registados no ano anterior.