O Chrome é o navegador que mais dados pessoais recolhe entre os dez mais utilizados em dispositivos móveis. A análise realizada pela Surfshark, fornecedora especializada em serviços VPN, mostra que a aplicação da Google regista desde as informações de contacto do utilizador até ao seu histórico de navegação e pesquisa, passando pela localização, identificadores de dispositivo e conteúdo que é carregado na plataforma. Três em cada dez navegadores analisados (entre eles Bing, Pi Browser e Opera) partilham parte desses dados com terceiros, algo que o Chrome não faz, de acordo com a investigação.

O Chrome é o único que recolhe informações financeiras do utilizador. Cartões bancários, métodos de pagamento e outros detalhes sensíveis ficam armazenados se o internauta decidir guardá-los para agilizar transações futuras, uma decisão que, embora voluntária, aumenta os riscos de privacidade.

A preponderância do Chrome e do Safari no mercado móvel é inegável: juntos, eles somam 90% da quota mundial. Em Espanha, o Chrome concentra 74% dos utilizadores, enquanto o Safari fica com 19%, em Portugal, o Chrome tem 66.88%, e o Safari 14.27%, enquanto nos Estados Unidos, a situação inverte-se parcialmente, com 50% para o Safari e 43% para o Chrome, e no Reino Unido a distribuição é quase igualitária (47% contra 43%).

Julen Cabasés, responsável de marketing da Surfshark em Espanha, lembra que a promessa de uma experiência personalizada não justifica necessariamente o grande volume de dados exigidos. A Surfshark aconselha a revisão e limitação periódica das permissões concedidas ao navegador para manter o controlo sobre as informações profissionais e pessoais.

Como reforçar a privacidade no navegador móvel

Embora certas autorizações (como o armazenamento de downloads ou o uso da câmara e do microfone em videochamadas) possam ser essenciais, o estudo recomenda restringir o acesso à localização, à agenda de contactos, aos SMS e às funções do telefone, a menos que sejam estritamente necessárias.

No Android, a sugestão é selecionar opções como “Apenas enquanto a aplicação estiver a ser utilizada” ou “Perguntar sempre” quando se trata de permissões sensíveis, como a localização ou o microfone. Também é aconselhável optar por navegadores focados na privacidade, desativar a sincronização com contas Google ou Microsoft, cancelar a personalização de anúncios e o rastreamento de atividades (histórico de localizações e aplicações) e rever mensalmente as permissões concedidas.

Grande parte dos dados recolhidos pelo Chrome provém da estreita integração com outros serviços da Google, como o Search, o Gmail ou o Maps, o que amplia a pegada digital do utilizador. Por fim, a metodologia do relatório partiu dos aplicativos de navegador mais populares na App Store dos Estados Unidos em 2025, complementados pelo Safari devido à sua presença nativa no iPhone; os investigadores compararam as informações sobre privacidade declaradas na loja e verificaram se havia recolha de dados vinculados ao utilizador ou destinados à publicidade de terceiros.