O consumo energético é uma das grandes preocupações das empresas que constroem data centers, pelo que o fornecimento contínuo de eletricidade com garantias é um dos parâmetros tidos em conta na localização destas grandes infraestruturas.

E para não dependerem inteiramente do fornecimento da rede, as empresas equipam as suas construções com fontes de energia renováveis, tais como painéis solares e moinhos de vento, bem como acumuladores, que garantem o fornecimento dos servidores e da infraestrutura que os rodeia, no caso de falha do fornecimento da rede.

Algumas empresas, como a Amazon, a Microsoft ou a Meta, têm até ponderado a possibilidade de recorrer a pequenos reatores nucleares modulares para satisfazer as suas necessidades de abastecimento e, desta forma, não depender da rede de abastecimento para o consumo.

Por sua vez, gerar a sua própria energia torná-la-ia menos cara, contribuindo assim para aliviar os custos operacionais do centro de dados.

No seu discurso, Guterres lembrou que tecnologias como a inteligência artificial e as finanças digitais (provavelmente para não dizer explicitamente as criptomoedas) são grandes consumidoras de energia e que, ao mesmo tempo, a IA pode representar uma melhoria na eficiência, resiliência e inovação dos sistemas de fornecimento de energia, um fator que deve ser sem dúvida aproveitado pelos governos de todo o mundo.

O secretário-geral da ONU referiu que o consumo de um centro de dados típico dedicado a atividades de IA pode facilmente equivaler ao de 100 000 residências, embora os data centers de maior dimensão possam multiplicar por vinte esse número, com um consumo global a nível mundial que, em 2030, será equivalente ao de todo o Japão atualmente.

Guterres afirma que este nível de consumo é insustentável, que é nosso dever torná-lo sustentável e que o próprio setor tecnológico deve estar na vanguarda desta luta, apelando às grandes empresas do setor tecnológico para que, em 2030, todos os data centers do mundo sejam 100% alimentados por energias renováveis.

Além disso, e como complemento a este pedido, o secretário-geral também solicitou que o consumo de água para os data centers, que também é considerável, uma vez que é utilizada para resolver outro grande problema destas infraestruturas, como é o da refrigeração, seja sustentável, tal como no caso de outras indústrias que não especificou.

O discurso completo de António Guterres pode ser encontrado aqui em inglês e francês.

O grande consumo de recursos energéticos e hídricos tornou a Península Ibérica um local ideal para grandes data centers a nível mundial, uma vez que a energia solar e eólica apresentam um grande potencial e, além disso, podem ser instaladas em zonas pouco habitadas, o que também reduz o preço do solo (outro problema para os grandes data centers ). No entanto, o horizonte de 2030, daqui a apenas cinco anos, é demasiado próximo para que os numerosos grandes data centers espalhados por todo o mundo possam