A operadora anunciou esta semana ter concluído com sucesso a migração dos seus últimos clientes ADSL para tecnologias mais modernas e robustas, como a fibra ótica e o 5G fixo (5G FWA). Uma mudança que, sendo tecnológica, tem também um peso simbólico: o fim de uma era em que o som do modem a ligar era sinal de que estávamos a entrar na “autoestrada da informação”.

Segundo dados da própria empresa, em meados de 2023 ainda havia cerca de 10 mil clientes ligados via ADSL — um número que, embora pequeno (representava apenas 1% da base de clientes fixos da Vodafone), exigiu uma operação cirúrgica de transição. O desligamento definitivo das 179 centrais que sustentavam este serviço só aconteceu após todos os utilizadores terem sido migrados para soluções alternativas, garantindo a continuidade do acesso à internet com qualidade reforçada.

O legado do ADSL

Quando foi introduzido em janeiro de 2003, o ADSL representava uma revolução. Dirigido inicialmente ao segmento empresarial, permitia pela primeira vez aceder à internet de banda larga através das linhas telefónicas convencionais, dispensando ligações dial-up lentas e instáveis. A tecnologia tornou-se rapidamente o pilar do acesso fixo à internet em Portugal, especialmente entre 2004 e 2015.

Para muitos, foi com o ADSL que se começou a descarregar música, a ver vídeos online e a enviar emails sem demoras. Mas o tempo e a inovação não perdoam. Com o advento da fibra ótica — que a Vodafone começou a instalar em força a partir de 2010 —, as limitações do ADSL tornaram-se cada vez mais evidentes: velocidades reduzidas, instabilidade nas ligações e uma largura de banda insuficiente para os novos hábitos digitais.

Hoje, a rede de fibra da Vodafone cobre já cinco milhões de lares e empresas em Portugal, oferecendo uma experiência de navegação incomparavelmente superior. Paralelamente, o acesso fixo via 5G começa a ganhar tração, especialmente em zonas onde a instalação de fibra é tecnicamente desafiante ou economicamente inviável.

A extinção do ADSL é mais um passo na transformação digital que atravessa o setor das telecomunicações. Em junho de 2023, a Vodafone anunciou também o fim progressivo da sua rede 3G, reforçando o compromisso com tecnologias mais eficientes e sustentáveis. Esta migração, iniciada em 2024, está igualmente a ser conduzida de forma faseada para minimizar perturbações.

A retirada do ADSL não tem o dramatismo de um corte abrupto, mas marca um momento de viragem. É o adeus a uma tecnologia que, durante mais de uma década, esteve no centro da vida digital de milhares de portugueses. E é, também, o reflexo da evolução de um setor que não para, impulsionado por novas exigências de consumo e pela promessa de um futuro cada vez mais ligado — e mais veloz.

No fim, fica a memória de um tempo em que “ter internet em casa” era uma conquista, e em que os megabits por segundo eram menos importantes do que o simples facto de estarmos, pela primeira vez, online.