O EA Live Évora voltou a afirmar-se em 2025 como um dos principais festivais de verão em Portugal, reunindo perto de 9.000 pessoas ao longo de seis dias de espetáculos. A edição deste ano decorreu entre 10 e 19 de julho, repartida por dois fins de semana consecutivos, mantendo a localização na Quinta de Valbom, junto à Adega Cartuxa, nos arredores de Évora.

O evento, promovido pela Fundação Eugénio de Almeida e pela produtora vitivinícola Adega Cartuxa, consolidou-se como um festival de conforto, com lugares sentados e marcados, copo de vinho na mão e o pôr do sol como cenário de fundo.

A edição de 2025 apresentou um modelo renovado: seis dias de programação e, pela primeira vez, um espetáculo com plateia exclusivamente em pé. Essa experiência foi concretizada com os Calema, no dia 17 de julho, tendo permitido o acolhimento de duas mil pessoas, mais 800 do que a lotação habitual de 1.200 lugares sentados. «Quem assiste a um concerto dos Calema não quer estar sentado», afirmou João Teixeira, diretor comercial da Adega Cartuxa, sublinhando que o objetivo foi «aumentar a capacidade sem comprometer o conforto».

Apesar de a legislação permitir uma lotação superior, a organização decidiu conter o número de entradas para evitar sobrecarga do recinto. «Não quisemos superlotar o espaço e comprometer o ambiente tranquilo que o caracteriza», explicou o responsável.

Todos os bilhetes esgotaram com meses de antecedência. Segundo a organização, cerca de 80% dos ingressos foram vendidos logo em dezembro. «A adesão do público tem sido extraordinária. Desde 2021, crescemos de 500 pessoas por dia para quase 9 mil ao longo do festival», referiu João Teixeira.

O crescimento do evento é sustentado por um modelo que combina música, património e enoturismo. «As pessoas entram e sentem que estão com a Adega Cartuxa do início ao fim», afirmou o diretor, salientando a importância da envolvência do edifício do século XVI e das vinhas em redor. «A experiência de estar ao pôr do sol com um copo de vinho na mão, antes de um concerto, é algo que não se replica noutro lado».

O alinhamento deste ano incluiu Matias Damásio, Sara Correia, Amália Hoje, Calema, Rui Veloso Trio (em substituição de Jorge Palma) e Delfins como cabeças de cartaz. A estes juntaram-se os artistas emergentes Azinhaga, David Garcez, Rita Cortezão, Baco, Luís Fialho e Mountain Valley, bem como vários DJs nacionais que animaram o pátio da Adega após cada concerto.

Para 2026, a organização mantém a intenção de apostar na música de expressão portuguesa. «Enquanto tivermos diversidade e qualidade na música portuguesa, essa continuará a ser a base do cartaz», referiu João Teixeira, lembrando os exemplos dos Calema e de Matias Damásio, cuja ligação a Portugal é sólida apesar das origens africanas.

A hipótese de mudança de local está excluída. «O conceito EA Live já existia antes de virmos para este espaço, mas só aqui teve o sucesso e o reconhecimento que procurávamos», afirmou o diretor. Recordou as edições anteriores em Lisboa e noutros locais de Évora como o Pátio de São Miguel, mas reforçou: «Nada se compara à experiência proporcionada pela Quinta de Valbom».

A organização reconhece as limitações físicas do espaço e está a estudar formas criativas de aumentar a capacidade, como a criação de uma plataforma amovível junto ao palco para alargar a área de lugares sentados.

A ideia de alargar novamente o número de dias do festival está, para já, afastada, sendo que deverá realizar-se nos dias 9, 10, 11, 16, 17 e 18 de julho. «Seis dias é um número equilibrado. Mais do que isso sobrecarregaria as equipas da Fundação», disse João Teixeira. Para 2026, prevê-se a repetição do modelo atual, com possibilidade de realizar dois dias de concertos em pé, caso o perfil do artista o justifique. «Mas transformar todos os dias em plateia em pé está fora de hipótese. O conforto é a nossa identidade».

Com o cartaz de 2026 a ser anunciado previsivelmente em novembro, a organização espera manter o ritmo de vendas antecipadas. «O nosso objetivo é continuar a crescer com criatividade, sem nunca perder a essência que nos distingue», concluiu.