
Valor dos ativos sob gestão são o conjunto dos ativos financeiros geridos por uma empresa para um determinado cliente, seja empresarial ou particular. Representam, no fundo, uma métrica financeira que reflete o valor total de todos os investimentos de uma empresa financeira, de um fundo ou de empresas de investimento. A BlackRock é um bom exemplo, já que é a maior empresa de gestão de ativos no mundo, com um valor de ativos sob gestão a rondar os 10,5 biliões de dólares (cerca de 9 biliões de euros)
O mais recente estudo da Boston Consulting Grupo (BCG), sobre o tema, intitulado “Global Asset Management Report 2025: From Recovery to Reinvention” concluiu que, em 2024, havia 128 biliões de dólares (cerca de 110,8 biliões de euros) de ativos sob gestão, um valor recorde que compara com os 118,7 biliões de dólares (cerca de 103 biliões de euros) registados em 2023. Este valor representou um crescimento de 12% a nível global em relação ao ano anterior.
No entanto, e apesar da evolução positiva, o relatório revela que mais de 70% do crescimento das receitas do setor resultou do desempenho do mercado e não de entradas líquidas de capital por parte dos investidores. Este facto evidencia, para os especialistas que desenvolveram o research, a vulnerabilidade da indústria a fatores externos e a pressões estruturais que exigem ações urgentes.
O relatório da BCG revela que mais de 70% do crescimento das receitas do setor resultou do desempenho do mercado e não de entradas líquidas de capital por parte dos investidores.
Analisando o crescimento deste setor por grandes regiões verificou-se que existem assimetrias consideráveis. A América do Norte destacou-se com o maior crescimento nesta atividade, tendo registado um acréscimo de 14% de valor de ativos sob gestão, face ao ano anterior. Pese embora ser seguida de perto pela América Latina e pela Ásia Pacifico, cujos crescimento se situaram na casa dos 13%. Japão e Austrália também cresceram acima dos dois dígitos, com 12% de aumento. Por outro lado, abaixo da média mundial, ficaram o Médio Oriente e a África, com 10% de acréscimo, e por último, a Europa, que só incrementou em 7% os seus ativos sob gestão.

Pedro Pereira é managing director da BCG em Lisboa. Foto/DR
Citado em comunicado, Pedro Pereira, managing director e senior partner da BCG em Lisboa, refere a propósito que “Apesar do crescimento registado em 2024, o setor da gestão de ativos continua a enfrentar uma pressão estrutural significativa, marcada pela compressão das margens, mudança no perfil dos investidores e crescente disrupção digital”. O mesmo responsável acrescenta que “Neste contexto, as empresas líderes no segmento de gestão de ativos estão a apostar em iniciativas com potencial transformador, nomeadamente na adaptação e inovação da oferta, no reforço da escala e consolidação de fluxos e na sofisticação tecnológica e a aplicação de IA para otimização de processos, aumento da eficiência e melhoria do serviço e interação com o cliente.”
“Apesar do crescimento registado em 2024, o setor da gestão de ativos continua a enfrentar uma pressão estrutural significativa, marcada pela compressão das margens, mudança no perfil dos investidores e crescente disrupção digital”, diz Pedro Pereira.
Este research alerta para o facto de que a pressão das taxas elevadas, as mudanças nas preferências dos investidores e a disrupção digital estão a pressionar as empresas a redesenhar os seus modelos de negócio, a acelerar a inovação nos custos e a reforçar o seu foco estratégico.
As grandes tendências que estão a marcar este setor
A BCG aponta assim, neste relatório, as três grandes tendências que se estão a sentir no mercado da gestão de ativos.
1 -Mudanças nas Preferências dos Investidores.No mercado atual, marcado pela rápida evolução de produtos e canais de distribuição, os gestores de ativos têm duas grandes oportunidades de inovar e diversificar o seu negócio. Primeiro reposicionar-se num segmento cada vez mais competitivo de ativos geridos ativamente. Em segundo, assumir um papel relevante na democratização do acesso dos investidores de retalho aos ativos privados. Denota-se que os ETFs ativos estão a atravessar uma fase de forte crescimento e que O acesso dos investidores de retalho aos mercados privados representa uma nova fronteira.
2 – Necessidade de consolidação do mercado e transformação digital. A aposta em parcerias estratégicas e fusões e aquisições (M&A) está a transformar o setor, à medida que as empresas procuram ganhar escala, alargar a sua oferta e desenvolver competências tecnológicas
3- Reforço da gestão de custos com recurso à Inteligência Artificial. Com o setor cada vez mais focado na eficiência operacional, na agilidade na tomada de decisão e no envolvimento do cliente, a Inteligência Artificial está a emergir como um acelerador-chave para os negócios e a ajudar a reduzir os custos.