Em Itália, o Governo de Giorgia Meloni vai entrar em negociações com os bancos do país, de forma a estabelecer normas para uma contribuição da banca que possa compensar possíveis cortes de impostos no próximo ano. A notícia é avançada pela agência Reuters, que cita legisladores.

O setor bancário italiano tem sido amplamente criticado pelo atual executivo, relembra a Reuters, que tem deixado críticas à baixa remuneração dos depósitos e às fracas condições de crédito a empresas, ao mesmo tempo que os lucros batem recordes. “Quando se começa a falar do orçamento, é óbvio que se olha para uma contribuição dos bancos”, afirmou Marco Osnato, um conselheiro económico do partido de Meloni, citado pela Reuters.

Estas negociações fazem parte de manobras para construir um orçamento que possa ser aprovado em meados de outubro.

Os sete maiores bancos de Itália fecharam 2024 com um lucro de cerca de 25 mil milhões de euros. As instituições pagaram 21 mil milhões aos investidores e cortaram o número de agências em 5%. Com as margens financeiras em declínio, a banca do país está numa onda de consolidação intensa, com duas OPA concretizadas, duas falhadas e outra ainda em curso.

Segundo a Reuters, os bancos contribuíram com mais de 4 mil milhões para o orçamento italiano, fruto de um pacote de medidas políticas imposto no final do ano passado. O Governo está numa missão de reduzir os impostos sobre a classe média ao mesmo tempo que melhora o défice para menos de 3% do PIB, tal como acordou com as autoridades europeias.

Fonte anónima do Governo revelou à Reuters que o executivo pode garantir mais financiamento ao alterar as normas sobre como os bancos usam os ‘deferred tax credits’ para reduzir os seus pagamentos. Andrea De Bertoldi, do outro partido da coligação de governo, indicou que este deve avançar após uma consulta com o setor em questão. “Posso descartar que haverá impostos obrigatórios, estamos a falar de algumas formas de contribuição acordada para apoiar a economia”, acrescentou.