
A Associação Ango-Fauna defende desbloqueio de novos investimentos para combater as alterações climáticas no país e criação de incentivos fiscais para práticas sustentáveis, sendo que as secas prolongadas e precipitações imprevisíveis estão a afectar ecossistemas sensíveis, particularmente nas regiões do sul de Angola.
A posição apresentada pelo empresário e fundador Ango-Fauna, Emerson Lucas, durante o 1.º Fórum Nacional sobre Ambiente e Sustentabilidade, promovido esta Quinta-feira, 14, em Luanda, pela Academia de Ambiente e Sustentabilidade.
Ao abordar o tema “Biodiversidade em Angola: Activo Económico e Urgência de Diálogo”, Emerson Lucas considera fundamental a criação de uma indústria de ecoturismo de classe mundial que gere receitas para a conservação e beneficie comunidades locais como nas principais espécies da fauna e flora de cada localidade.
“Conservar a biodiversidade representa um investimento no futuro económico do país, com retornos estimados cinco vezes superiores aos custos”, apontou o responsável, afirmando que a parceria público-privada contribui para a conservação de parques nacionais e que a concessão à iniciativa privada é uma forma de expandir a gestão e melhorar a infra-estrutura dos parques.
Emerson Lucas acredita que o tempo para estabelecer diálogos produtivos é agora, já que cada ano de atraso representa perdas avultadas para a economia e para as espécies ameaçadas.
“É necessário haver desenvolvimento de padrões de certificação específicos para operadores turísticos angolanos e simplificação do processo administrativo para a solicitação, cedência, autorizações e licenciamento para o desenvolvimento de projectos. As empresas devem adoptar práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva”, apelou.
Por sua vez, o presidente da Academia de Ambiente e Sustentabilidade, José Silva, Angola vive um momento crucial em que os desafios ambientais, sociais e económicos exigem mais do que práticas sustentáveis, pois pedem uma abordagem regenerativa capaz de restaurar ecossistemas, fortalecer vínculos sociais e promover prosperidade compartilhada.
“A sustentabilidade vai além da conservação, ela busca recuperar, revitalizar e criar sistemas que se renovam continuamente”, disse.
José Silva assegurou que “temos que olhar os resíduos e os desperdícios como activos económicos. Cabe as empresas, com a visão que devem ter no investimento tecnológico, fazer disso uma fonte de rendimento, a fim de promover a economia circular”.
Já o secretário de Estado para as Pescas e Recursos Marinhos, Álvaro da Cunha dos Santos, defendeu regras previsíveis de segurança jurídica para atrair investimentos e garantir a concorrência leal, decisões assentes em dados credíveis e avaliação técnicas transparentes para reforçar a confiança dos cidadãos e dos mercados, desenvolvimento económico com responsabilidade social e o uso eficiente dos recursos para a criação de valores que seja compatível com a protecção ambiental e inclusiva.
O AFAS – Angola Fórum de Ambiente e Sustentabilidade juntou especialistas, ambientalistas, académicos, jovens ativistas e decisores políticos que debateram as principais soluções e desafios ambientais de Angola, desde as alterações climáticas à educação ecológica.
O AFAS surge como uma plataforma estratégica nacional para promover o diálogo, inspirar políticas públicas sustentáveis e incentivar a participação activa da juventude e da sociedade civil.