O Grande Prémio da Hungria de MotoGP ficou marcado por enorme polémica, depois de Hervé Poncharal, diretor da Tech3 KTM, ter disparado duras críticas contra a decisão dos comissários de aplicar uma dupla volta longa a Enea Bastianini.

O episódio começou logo na corrida sprint de sábado, em Balaton Park, quando Fabio Quartararo errou a travagem na Curva 1 e embateu em Bastianini, arruinando a sua prova. O italiano caiu várias posições e viu o seu sistema traseiro de altura ao solo seriamente danificado — problema mecânico que mais tarde esteve na origem de um acidente violento com Johann Zarco, que o obrigou a abandonar.

Apesar de ter sido claro “vítima” das circunstâncias, Bastianini acabou penalizado com duas voltas longas pelos comissários da FIM, por se tratar da sua segunda infração da época. A decisão deixou Poncharal em fúria:

“Ele foi a principal vítima de todo este cenário! Fico incrivelmente desiludido com esta decisão. Parece que seguiram o regulamento como se fosse escrito por um ‘ChatGPT’, sem emoção, sem analisar o contexto.”

Em declarações à TNT Sport, o francês não escondeu a revolta:

“O Enea fez a sua melhor qualificação de sempre, trabalhámos imenso no arranque e estava perfeito em P2 atrás do Marc no fim da reta. Exatamente como planeado! Em vez disso, foi apanhado pelo erro de travagem do Quartararo. No fim, fomos nós quem pagou o preço mais alto.”

Com a moto danificada, o italiano perdeu eficácia na travagem e acabou por se despistar de forma assustadora na chicane da Curva 12, atravessando a pista à frente de outros pilotos. Uma imagem que gelou o paddock e reforçou o sentimento de injustiça dentro da equipa Tech3.

Poncharal insiste que os comissários deviam ter tido em conta as circunstâncias:

“Claro que as regras existem, mas têm de ser aplicadas com sensibilidade. O Enea não podia travar como se nada tivesse acontecido, a moto estava avariada! É absolutamente injusto.”

O relatório oficial de sábado pouco esclareceu sobre os fundamentos da penalização, mas os responsáveis parecem ter entendido que Bastianini devia ter adaptado a sua pilotagem mesmo com a falha mecânica — algo que Poncharal classifica como irrealista.

Para já, a Tech3 promete lutar contra a decisão e exigir mais coerência aos comissários. “As regras devem ser justas e humanas”, rematou o dirigente francês, deixando claro que a equipa não vai baixar os braços.