
A mãe do forcado que morreu numa tourada no Campo Pequeno, em Lisboa, na última semana, publicou uma carta aberta nas redes sociais. A mulher dirige aquilo que diz ser “um desabafo” ao PAN e aos seguidores do partido animalista, que acusa de aplaudirem e de se rirem da morte do filho.
“Tive que vos agradecer pelo apoio e carinho demonstrado”, escreve, com ironia, Alzira Beringel, na publicação feita na sua página de Facebook.
A mãe do forcado de 22 anos afirma que lê comentários ofensivos nas redes sociais enquanto aguarda pelo corpo do filho. “Porque ele, esse animal, foi para dador de órgãos”, para ajudar a salvar outras vidas, sublinha.
Alzira Beringel garante que o filho sempre foi um amante de animais e que o facto de pertencer a um grupo de forcados não o invalidava.
“ O meu filho pertencia a um grupo de irmãos que envergam uma jaqueta com honra, com bravura. Estes grupos nunca fizeram mal a um touro, lidavam com ele com arte ” , defende.
A mãe do jovem alega que a tourada é uma atividade que, como vários outros desportos, coloca vidas em riscos e desafia, em tom de mágoa, os críticos das touradas a “celebrarem” a morte do filho.
“ Nós ainda vivemos num país democrático, em que cada um é livre de gostar do que gosta e a mais ninguém diz respeito . ”
Governo expressa pesar, PAN censura touradas
Manuel Trindade morreu, na passada sexta-feira, após ter sido projetado, ao tentar pegar um touro. O forcado, de 22 anos, ainda foi assistido na enfermaria do recinto e depois transportado para o Hospital de São José, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte do forcado voltou a trazer aos holofotes o tema das touradas e a legalização desta prática.
O Governo expressou pesar, afirmando que a perda do jovem forcado era sentida “por todos os que valorizam e respeitam aquilo a que se chama expressão cultural nacional”.
Já o PAN, pela voz da líder Inês Sousa Real, referiu-se às touradas como uma “barbaridade” e disse não compreender como esta atividade ainda era permitida. A deputada defendeu que “a vida humana e o respeito pelos animais devem ter mais valor do que a diversão à custa do sofrimento animal e da vida das pessoas”.