A antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque admitiu esta terça-feira que gostaria de não ter aumentado a taxa liberatória de 21 para 28% e escolheu esta como a medida que reverteria se voltasse ao cargo, hipótese que afastou.

"Há uma medida que eu não gostei nada de tomar e que hoje, com as funções e a responsabilidade que tenho, ainda gosto menos: foi quando nós aumentámos a taxa liberatória dos 21 para os 28%", que se aplica "aos juros, aos dividendos, às rendas", disse atual comissária europeia responsável Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos na Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação de jovens sociais-democratas.

Na sua intervenção, Maria Luís Albuquerque apontou a fragmentação como uma das maiores ameaças à competitividade europeia e defendeu que a melhor forma de combater os nacionalismos é criando mais riqueza. Só na parte final da "aula" surgiu uma pergunta diretamente relacionada com a atualidade política nacional, com Maria Luís Albuquerque a ser questionada sobre o que faria de diferente na política económica se voltasse ao cargo de ministra das Finanças, que ocupou entre 2013 e 2015, apanhando ainda o final do período da assistência financeira a Portugal. Foi, então, que admitiu que gostava de reverter a medida que ela própria tomou.

Para a comissária, Portugal "precisa de estimular a poupança e precisa de estimular a aplicação dessa poupança na economia" e o aumento dessa taxa foi o "incentivo errado", que justificou com o contexto difícil do período da "troika". "Na altura, nós tínhamos de facto de aumentar impostos porque a despesa é mais rígida, porque tentámos fazer outras coisas que acabaram por não ser possíveis e acabámos por ter que aumentar impostos e tiveram todos de aumentar, e até por uma questão de equidade e de justiça", recordou.

No entanto, do ponto de vista da utilização dos impostos, frisou que esta foi "uma decisão que gostaria de poder não ter tomado". "E que se voltasse - que não voltaria - era uma daquelas que eu gostaria de reverter. Não estou a dizer que seja fácil, mas precisamente pela mensagem que transmite e pelo incentivo que dá a comportamentos que acho que são importantes para o futuro dos nossos cidadãos e das nossas empresas", defendeu.