O maior incêndio florestal em França desde 1949 foi controlado ao início da noite, no sul de França, depois de ter devastado 17 mil hectares de floresta, em pouco mais de 48 horas, anunciaram as autoridades, citadas pela AFP.

Para o combate ao fogo estavam ao final da tarde mobilizados 1.850 bombeiros, com 600 veículos de apoio, seis hidroaviões Canadair, três bombardeiros aquáticos Dash, dois helicópteros pesados e dois ligeiros, bem como um helicóptero militar.

Além de uma morte --- uma mulher com cerca de 60 anos que recusou deixar a sua casa em Saint Laurent de la Cabrerisse na noite de terça para quarta-feira ---, há duas pessoas gravemente feridas que ainda estão hospitalizadas.

Entre os bombeiros, há um total de 11 feridos, de acordo com as autoridades.

O presidente do município, Christian Pouget, explicou que o incêndio não seria "declarado extinto durante vários dias", por ainda haver "muito trabalho a fazer". O autarca estimou que se perderam "800 a 900 hectares" de vinha e que cerca de 2.000 pessoas retiradas de suas casas ainda não podiam regressar ao local.

Hoje de manhã, 2.000 casas ainda estavam sem energia, de acordo com a operadora de rede elétrica Enedis à AFP. "Precisamos primeiro de proteger a rede elétrica, cujos postes arderam", explicou o autarca.

A prioridade imediata, segundo as autoridades, "é garantir a continuidade dos serviços essenciais", como o acesso a água e a redes de telecomunicações.

Sobre a onda de calor prevista em França a partir de sexta-feira, com início no sudoeste do país, tanto o autarca de Narbonne como Christophe Magny, chefe do corpo de bombeiros, observaram que o risco de incêndios florestais é multiplicado pela chamada "regra dos 30 graus", ou seja, quando se combinam níveis de humidade inferiores a 30%, temperaturas superiores a 30 graus e ventos superiores a 30 quilómetros por hora.

Magny indicou ainda que a onda de calor é um fator de risco para os bombeiros, que trabalham na zona há 48 horas.

Origem do incêndio está a ser investigada

Sobre a origem do incêndio e de quem poderá ser o responsável, havendo suspeitas de mão criminosa no fogo, a investigação está a cargo do Ministério Público.

Os 17.000 hectares ardidos no maciço de Corbières desde terça-feira equivalem ao que ardeu em toda a França, respetivamente, em 2019, 2020, 2021 e 2024; e são o dobro do que ardeu no país em 2023.

Até à data, o maior incêndio no país queimou 50.000 hectares de pinheiros a sul de Bordéus em 1949, uma catástrofe que também matou 82 pessoas.

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, na quarta-feira, considerou o incêndio como uma "catástrofe de escala sem precedentes", afirmando que o incidente estava "ligado ao aquecimento global e à seca".

Numa mensagem de solidariedade na quinta-feira, o responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou: "A crise climática está sobre nós. Se nenhuma acção for tomada de forma rápida e colectiva, ocorrerá uma catástrofe; é uma questão de 'quando', não de 'se'."

O sul da Europa está a sofrer vários grandes incêndios este verão e os cientistas alertam que as alterações climáticas estão a aumentar a frequência e a intensidade do calor e da seca, tornando a região mais vulnerável às chamas.

A Europa é o continente que mais aquece no mundo, com as temperaturas a aumentarem duas vezes mais rapidamente do que a média global desde a década de 1980, de acordo com o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, da União Europeia (UE).

Com Lusa