A Rússia definiu as condições para chegar a um acordo pela paz na Ucrânia, noticiou a Reuters. Vladimir Putin deseja que Kiev abique da região do Donbas e não aceita a adesão do país europeu à NATO ou a presença de tropas ocidentais na região.

Atualmente, segundo estimativas dos Estados Unidos citadas pela agência de notícias britânica, a Rússia controla cerca de 88% do território do Donbas - composto pelas províncias de Dontesk e Luhansk, esta última já totalmente no controlo russo. Ou seja, Moscovo deseja que Volodymyr Zelensky ceda o pouco território que ainda está sob o seu domínio, mas que é fundamental para a defesa de Kiev.

Em troca, Moscovo manteria as linhas de frente presentes em Zaporizhzhia e Kherson - o país domina cerca de 73% destas regiões. Os russos também aceitam dar pequenos territórios em Kharkiv, Sumy, e Dnipropetrovsk a Kiev.

Além disso, Putin não admite a possibilidade de adesão da Ucrânia à NATO e quer uma garantia dos EUA que a aliança militar não será ampliada mais para leste. Outra possível garantia de segurança discutida pelos países europeus e pelos Estados Unidos é a presença de tropas ocidentais na Ucrânia, algo que, para a Rússia, não é uma alternativa viável.

Zelensky já negou a possibilidade de ceder territórios que estão sob domínio ucraniano e entende que o Donbas é fundamental para impedir que a Rússia amplie a ofensiva no país. "Se estamos a falar de uma reiterada do leste, não podemos fazer isso", disse o Presidente ucraniano, citado pela Reuters.

Ucrânia deseja garantias de segurança

No início da semana, Zelensky encontrou-se com Trump e com sete líderes europeus na Casa Branca para discutir alternativas visando a paz no país. Kiev, assim como os representantes da Europa, deixou evidente a necessidade de garantias de segurança para assegurar uma paz duradoura na região.

Em encontro transmitido em direto na segunda-feira, Trump negou a necessidade de um cessar-fogo para que o fim da guerra fosse negociado. Isso foi questionado por Friedrich Merz, chanceler alemão, e Emmanuel Macron, Presidente francês.

Posteriormente, Donald Trump negou a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia. "Eles [os ucranianos] não vão fazer parte da NATO, mas temos as nações europeias, e elas vão estar na linha da frente. E algumas delas, França e Alemanha, também o Reino Unido, querem ter, como sabe, tropas no terreno", afirmou.

Para a Rússia, conversas sem a presença da Rússia seriam uma "utopia, que não leva a lugar nenhum", disse Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros, na quarta-feira. Trump procura garantir uma reunião que inclua Zelensky e Putin nas próximas semanas.

Texto escrito por João Sundfeld e editado por João Pedro Barros