Decorriam os anos 80 e animadamente a banda GNR cantava “Quero ver Portugal na CEE”. Quando a CEE foi criada, o conceito de liberdade e facilidade na circulação de pessoas, bens e transações comerciais só poderia ser considerado uma coisa positiva, era sobre eliminar barreiras e sobre liberdade, evolução. Este tratado, mais comercial do que político era positivo para os membros, que podiam continuar a decidir o que era melhor para eles. Os países tinham um mercado livre à sua disposição e podiam decidir o que, como e se era necessário regular certos setores, com as respetivas consequências para a sua economia.

A União Europeia, surge mais tarde com um propósito muito mais integracionista, trazendo consigo um modelo utópico de “união” e comprovadamente falho de centralização de decisões, burocracia e sobretudo com o erro fatal de tratar de forma igual aquilo que é intrinsecamente diferente, decidindo tudo através de gabinetes em Bruxelas. Desta forma, afastou-se e antagonizou os princípios sobre os quais a antecessora CEE foi fundada e invariavelmente evoluiu negativamente até aos dias de hoje.

Com a União Europeia, todos os membros ficam reféns de decisões políticas e económicas centralizadas. Nos últimos anos, a UE tem-se concentrado mais em produzir regulamentações do que em alcançar avanços significativos. Como resultado, tem estado à mercê da sorte em momentos críticos. A guerra na Ucrânia revelou as consequências de anos de desinvestimento na defesa militar, deixando a Europa vulnerável, e também a nível energético o bloco europeu não conseguiu autonomia, mas sim regulações. A aposta em agendas verdes rigorosas e difíceis de implementar expôs a falta de soluções energéticas fiáveis e acessíveis, comprometendo não apenas a economia, mas também a qualidade de vida dos cidadãos. Os objetivos de neutralidade carbónica e as pesadas consequências para quem não cumpra estas metas levaram ao encerramento de centrais nucleares e a carvão. Cada qual foi pressionado a abandonar o modelo energético que melhor lhe servia.

Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia, uma das economias mais promissoras e que tem tentado seguir a sua própria política dentro da autonomia que lhe é possível, enviou um apelo no Parlamento Europeu para a desregulação, considerando que a Europa está numa situação de pobreza energética. E se em países como Portugal, com temperaturas relativamente amenas, 21% das pessoas (2024) referem dificuldades para aquecer a casa e há quem morra de frio, em países com temperaturas mais baixas trata-se de uma questão ainda mais séria.

A eleição de Donald Trump fez soar os alarmes na União Europeia, com grupos como o Renew Europe a fazerem campanhas quase alusivas a um conceito semelhante àquele que para o presidente americano representa “o seu país primeiro”, encarando a eleição como ameaça; mas a realidade é que esta eleição está a funcionar como um wake up call.

A eleição de Trump e a intencionalidade clara de cessar ajuda à Europa a todos os níveis (militar e comercial) relembrou os políticos de Bruxelas de que, na verdade, pouco evoluíram em diversas matérias e as economias europeias estão a colapsar.  Até mesmo o Reino Unido, depois do brexit, prevê-se que cresça mais do que algumas economias fortes da União Europeia, como a Alemanha e a França.

A retórica de Trump, e a sua abordagem de America First, que muitos associam a um ambiente quase confrontacional e belicista, na realidade está a obrigar a União Europeia a sair da sua bolha regulatória e a perceber que o mundo não espera por ela.

O crescimento económico e a competitividade global não prosperam com burocracias pesadas, mas com economias ágeis, inovadoras e preparadas para responder rapidamente às mudanças no mercado global.

Se a Europa quiser evitar o declínio económico e recuperar o seu lugar no mundo, precisa de ver este aviso americano como uma oportunidade.

Tusk já deu o primeiro passo ao desafiar o Parlamento Europeu a abraçar uma agenda de desregulação. Agora cabe aos líderes europeus mostrar coragem e seguir esse exemplo.

A história demonstra que as economias mais dinâmicas são aquelas que se concentram em promover a liberdade individual e a iniciativa privada. É tempo de a Europa relembrar essa lição, libertar-se das amarras da sobrerregulação e abraçar um futuro baseado na inovação e no crescimento.

A Europa tem de desregular, diminuir o Estado sobre os Estados, e voltar atrás. Ao espírito da CEE: mercados livres, paz e prosperidade.

Coordenação do movimento Ladies of Liberty Alliance - Portugal e Fellow Young Voices Europe