Os principais índices norte-americanos registaram quedas acentuadas na terça-feira, pressionados sobretudo pelo setor tecnológico. O Nasdaq, índice de referência das tecnológicas, e o S&P 500, que agrega um leque mais amplo de empresas, perderam terreno após meses de valorização significativa. Entre as quedas mais expressivas destacou-se a Nvidia, que recuou 3,5%, a maior descida em quase quatro meses.

De acordo com informações de investidores e casas de análise, a correção não resulta de um evento isolado, mas sim de uma retirada generalizada do risco. Vários fundos de investimento e gestores de ativos decidiram vender posições que acumulavam ganhos, numa reavaliação da exposição a ativos considerados mais voláteis, como criptomoedas, ações de empresas ligadas à inteligência artificial e títulos tecnológicos de elevado risco.

Alguns analistas, em declarações à Reuters, observam que a pressão não se deve a um movimento de pânico, mas a um reajustamento alargado das carteiras. Outros gestores de fundos de cobertura confirmaram esta perceção, sublinhando que a estratégia passou por reduzir a exposição a setores que mais tinham beneficiado do ciclo recente de valorização. Esse comportamento já se refletiu também em mercados da Ásia, com quedas em ações tecnológicas da Coreia do Sul e em títulos do setor biotecnológico na China.

Fatores sazonais

Setembro é historicamente um mês menos favorável para os mercados acionistas norte-americanos. Desde 1928, o índice S&P 500 tem registado quedas na maioria dos anos após o início de setembro, lembrou Scott Rubner, responsável de estratégia de ações da Citadel Securities, em declarações à Reuters. O analista destacou que, tradicionalmente, os investidores particulares reduzem o ritmo de compras neste período, enquanto as empresas suspenderem os programas de recompra de ações a meio do mês devido a regras regulatórias.

O analista salientou ainda que a forte subida verificada durante o verão foi impulsionada por baixos volumes de negociação, típicos da época de férias, o que potenciou uma valorização contínua. No entanto, com a entrada em setembro, os grandes gestores institucionais começam a reequilibrar os portfolios, processo que tende a pressionar os preços.

Segundo a mesma fonte, os traders sistemáticos — como fundos quantitativos e seguidores de tendências — já tinham atingido o nível máximo de compras planeadas, reduzindo a margem para impulsionar novas subidas. Esta realidade coincide com a perceção de que faltam catalisadores que justifiquem valorizações adicionais, dado que as avaliações atuais são consideradas elevadas.

O conjunto destes fatores levou analistas a considerarem que as movimentações desta semana podem antecipar um padrão mais prolongado nas próximas semanas, em linha com a tendência histórica do mês de setembro.

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