
Os partidos Livre, PCP e Bloco de Esquerda acusaram esta quarta-feira o Governo de demonstrar alheamento face à grave situação dos incêndios que assolam o território continental, apontando falhas na resposta institucional e exigindo maior apoio às populações afetadas.
A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, sublinhou a importância do debate parlamentar agendado para a próxima quarta-feira com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmando que é essencial “fazer uma análise do que está a acontecer”, numa altura em que há relatos de “descoordenação no terreno, falta de meios e até de populações que se viram sozinhas no combate”.
Criticou ainda “uma postura por parte do Governo que tem sido de pouca informação, de informação irregular e até de algum alheamento e falta de empatia”.
A líder parlamentar do Livre defendeu que é importante “corrigir algumas das questões que estão a correr menos bem” no terreno, para prevenir as situações que venham a ocorrer nas próximas semanas, designadamente o mês de setembro, e garantir que se dá “um melhor apoio às populações” e às corporações de bombeiros.
Por sua vez, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, recordou que o seu partido foi um dos que pediu a presença de Luís Montenegro num debate na Comissão Permanente da Assembleia da República, acusando o executivo de estar a “fugir às questões centrais e a não dar respostas concretas” perante a “situação trágica dos incêndios”.
Paula Santos, do PCP, reforçou a crítica, lembrando que o partido foi um dos que exigiu a ida de Montenegro ao debate na Comissão Permanente da Assembleia da República. Acusou o governo de estar “fugir às questões centrais e a não dar respostas concretas” perante a “situação trágica dos incêndios”.
“Perante a indignação de um país com um Governo que não está a dar as respostas que são necessárias, (…) era insustentável esta situação e [o executivo] foi obrigado, de facto, a ter de vir à Assembleia da República prestar esclarecimentos”, apontou a deputada, esperando que o debate permita confrontar o executivo com a urgência de proteger os territórios e apoiar os cidadãos afetados.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, também manifestou reservas quanto à atuação do Governo, considerando que o executivo “falhou e que o primeiro-ministro teve um problema de competência, de noção e também de empatia”. A deputada acusou Montenegro não “acionou quando devia” o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, além de não ter feito a prevenção e organização dos meios de combate “como devia”, e falhou na noção e na empatia por achar que estava acima do “sofrimento e da aflição” das populações.
Com base nessa avaliação, Mariana Mortágua disse que o BE entendeu apoiar um debate com a presença do primeiro-ministro sobre os incêndios e vai votar favoravelmente à proposta de comissão de inquérito do partido Juntos Pelo Povo (JPP) sobre este assunto.
A deputada única pediu ainda ao executivo que, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, decrete o estado de calamidade em todos os municípios com uma grande parte da sua área ardida.
O partido Juntos Pelo Povo (JPP) saudou, em comunicado, a realização do debate e reiterou a necessidade de uma comissão de inquérito à atuação do Governo durante os incêndios. Defendeu que o Governo “deve explicações aos portugueses e a Assembleia da República deve estar à altura do seu papel de escrutínio”.“Perante uma tragédia nacional como a que consome hoje Portugal continental, era inaceitável o silêncio da Assembleia da República”, declarou o JPP.
*Com Lusa