Os viticultores da Região Demarcada do Douro voltam a levantar a voz e reclamam medidas concretas e imediatas do Governo para responder à crise que afeta o setor. Com a vindima prestes a começar, denunciam que as promessas anunciadas continuam sem efeito, deixando no ar a incerteza sobre o futuro da produção.

As associações representativas CNA e AVADOURIENSE sublinham que, apesar das garantias de um pacote de 13 milhões de euros para apoiar a destilação, nada foi ainda aplicado. Reclamam que a medida seja dirigida prioritariamente aos pequenos e médios viticultores, os mais afetados pela redução de 36% no quantitativo do benefício face a 2022.

Para os produtores, esta quebra, aliada ao aumento dos custos de produção e aos baixos preços pagos pelas uvas, representa mais uma “machadada” nos rendimentos. Pedem ainda que o Estado adquira 15 mil pipas de vinho do Porto em stock, para aliviar a pressão sobre a capacidade de armazenamento e garantir escoamento.

As críticas estendem-se à importação de vinho estrangeiro, que só este ano já ultrapassou os 800 milhões de litros provenientes de Espanha, facto considerado contraditório face às dificuldades que o Douro atravessa.

Os viticultores rejeitam qualquer medida que passe pela redução do potencial produtivo, como o arranque de vinhas, alertando que tal caminho empurraria os pequenos produtores para o abandono, agravando a desertificação e o empobrecimento da região. Defendem, ao invés, preços justos pelas uvas e a utilização prioritária da produção local na aguardente para o Vinho do Porto.

A CNA e a AVADOURIENSE garantem manter-se ao lado dos viticultores na luta por uma solução que permita salvaguardar o Douro, a sua identidade cultural e o seu peso económico para o país.