
Em comunicado, a Fundação de Serralves aponta para 03 de julho às 22:00 a inauguração da exposição, que vai ter entrada gratuita.
Com curadoria do diretor do museu, Philippe Vergne, "Sussurro" - patente até 11 de janeiro de 2026 - pretende criar "um diálogo único entre as obras do artista e o espaço expositivo".
"As obras selecionadas para 'Sussurro' evidenciam o fascínio de Cattelan pela História --- os seus traumas, transformações e figuras icónicas. Interessa-se especialmente por momentos de transição: entre a infância e a idade adulta, entre a vida e a morte, entre o riso e o choro, ou entre diferentes períodos históricos. Estes estados ambíguos e fugazes são centrais na sua linguagem visual, frequentemente transformados em imagens icónicas", acrescentou o texto de divulgação.
A fundação realçou, ainda, que as obras de Cattelan "não são apenas colocadas, mas encenadas --- estrategicamente posicionadas para envolver o espectador e redefinir o ambiente envolvente".
Aquando da apresentação do programa para 2025, em dezembro, Vergne tinha afirmado que a exposição iria incluir trabalhos como "Daddy, Daddy", um boneco Pinóquio afogado numa fonte, ou "La Nona ora", com uma imagem do Papa João Paulo II no chão, atingido por um meteorito, para além da conhecida "Comedian", uma banana colada a uma parede com fita-cola.
Na altura, em declarações à Lusa, o diretor do museu disse que, com "Comedian", Maurizio Cattelan conseguiu criar uma obra que obriga o espectador a tomar uma posição.
"É uma obra de arte que conseguiu incorporar o fascínio com muitos aspetos da vida quotidiana", afirmou Vergne, explicando: "Em primeiro lugar, o fascínio com a arte. E acho que é incrível que um objeto tão simples tenha sido capaz, nos últimos dois anos, de captar a atenção das pessoas. Relacionado, o desejo das pessoas de se ligarem à obra, de forma positiva ou negativa. Cattelan inventou um signo que quase força as pessoas a tomarem uma posição, quer gostem de arte, não gostem de arte, gostem de bananas, ou pensem que é espetacular, que é ridículo, querem comê-la, não importa".
Em novembro, um dos exemplares da obra foi vendido em leilão em Nova Iorque por 6,2 milhões de dólares (5,9 milhões de euros) a um empresário de criptomoedas.
Desde que foi exibida pela primeira vez em 2019 no contexto de uma feira de arte, e vendida por cerca de 120.000 dólares, "Comedian" transformou-se num acontecimento global que teve um enorme impacto "na consciência cultural contemporânea", referiu a leiloeira Sotheby's em comunicado, na altura.
Aquando do leilão, citado pelo New York Times, Cattelan -- que não recebeu qualquer valor da venda do leilão porque o vendedor era um colecionador e não o artista -- afirmou: "O leilão tornou o que começou como uma afirmação em Basileia num espetáculo global ainda mais absurdo. Dessa forma, a peça torna-se autorreflexiva: quanto maior o preço, mais reforça o conceito original".