Em comunicado, o grupo apela "à inclusão, já em 2025, das mulheres vianenses que, com orgulho e autenticidade, desejam continuar a representar a sua terra", depois de as mil vagas abertas para o desfile terem esgotado em apenas dois dos 15 dias estabelecidos pela organização.

"A Romaria d'Agonia não é um espetáculo de vaidades nem um palco de influências. É, acima de tudo, um ato de pertença, memória e continuidade cultural", defendem.

O movimento tem como propósito "a união das mulheres vianenses, inscritas e não inscritas, na luta pelo seu direito a participar no desfile da mordomia, garantindo que se mantém a tradição por mulheres que fazem e são a tradição vianense", explicam.

"Muitas das mulheres agora excluídas têm desfilado durante décadas, investindo em trajes, ouro e legado. São famílias inteiras que, silenciosamente, contribuem há gerações para manter viva a alma da romaria", descrevem.

Ãssim, pretendem "salvaguardar a participação das mulheres que são o rosto da festa e as descendentes de quem começou esta tradição, nas diferentes freguesias do concelho de Viana do Castelo".

"Não pode haver Desfile da Mordomia sem a verdadeira chieira vianense, que só a nós pertence", asseguram.

O Somos Todas Mordomia propõe também que "o processo de inscrição passe, numa fase inicial, a privilegiar as mulheres naturais e/ou residentes em Viana do Castelo" e que "apenas numa fase posterior sejam abertas as vagas remanescentes a participantes de outras regiões".

O movimento manifesta "profundo pesar em verificar que a organização se preocupa em internacionalizar a tradição, como se se tratasse de um desfile carnavalesco, ao invés de preservar a cultura impregnada em cada traje e cada peça de ouro das mulheres vianenses".

"O nosso movimento é composto por mulheres diversas, algumas que conseguiram inscrever-se e outras que não tiveram essa oportunidade. Estamos unidas por um propósito comum: a defesa do nosso lugar numa tradição que nos pertence", afirmam.

O Somos Todas Mordomia recorda que as inscrições "abriram à meia-noite do dia 16 de junho, com um limite de mil vagas".

"Para surpresa geral, esgotaram-se em pouco mais de 48 horas. Muitas vianenses tentaram inscrever-se no dia 18, terceiro dia do processo (que deveria estender-se até 30 de junho), e depararam-se com o encerramento antecipado das inscrições. A comunicação oficial das inscrições encerradas surgiu apenas às 21:00 desse mesmo dia, gerando frustração e indignação entre quem, de boa fé, contava ainda poder participar", relatam.

Por outro lado, "no dia 16 de julho, pelas 20:00, foram abertas 32 vagas adicionais", permanecendo "por esclarecer como foram preenchidas, sendo que algumas mulheres conseguiram efetuar a inscrição, outras relataram falhas técnicas no sistema, sem qualquer resposta ou compensação por parte da organização".

O grupo lembra que foram as vianenses "que asseguraram que a tradição vianense se perpetuasse até ao presente, com a participação num desfile que outrora não era tão apetecível e cuja participação foi mendigada pela organização durante muitos anos".

"São as mesmas mulheres que agora exigem reconhecimento e respeito, pois participaram todos os anos de forma fiel, quando a organização pedia a participação para fazer número, e agora são descartadas porque os "números" que a organização almejava já se encontravam atingidos, não se preocupando essa mesma organização com quem teria preenchido tais vagas", dizem.

A Lusa tentou obter esclarecimentos junto da VianaFestas, que organiza a Romaria d'Agonia, tendo sido divulgada a realização de uma conferência de imprensa na sexta-feira.