
Trabalhadores da Microsoft protestaram na quarta-feira, na sede da empresa, depois de suspeitas de que serviços da gigante tecnológica estão a ser utilizados por Israel na guerra na Faixa de Gaza.
O campus da Microsoft em Redmond, Estado de Washington (oeste), foi hoje alvo de um segundo dia de protestos, que exigiram que a gigante tecnológica cortasse imediatamente os seus laços comerciais com Israel.
A Microsoft anunciou no final da semana passada que estava a contratar um escritório de advogados para investigar as alegações relatadas pelo jornal britânico The Guardian de que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) utilizaram a plataforma de computação em nuvem (cloud, em inglês) Azure, da Microsoft, para armazenar dados de chamadas telefónicas obtidos através da vigilância em massa de palestinianos em Gaza e na Cisjordânia.
"Os termos de serviço padrão da Microsoft proíbem este tipo de utilização", destacou a empresa num comunicado publicado na sexta-feira, acrescentando que o relatório levanta "alegações que merecem uma revisão completa e urgente" da utilização daquele serviço.
A revisão prometida foi insuficiente para o grupo No Azure for Apartheid, liderado por funcionários da empresa, que há meses protesta contra o fornecimento, por parte da Microsoft, de tecnologia utilizada na guerra contra o Hamas em Gaza.
Em fevereiro, a agência Associated Press (AP) revelou detalhes não divulgados anteriormente sobre a estreita parceria da gigante tecnológica norte-americana com o Ministério da Defesa de Israel, com o uso militar de produtos comerciais de Inteligência Artificial (IA) a disparar quase 200 vezes após o ataque mortal ao Hamas em 07 de outubro de 2023.
A AP informou que o Exército israelita utiliza o Azure para transcrever, traduzir e processar informações recolhidas através de vigilância em massa, que podem depois ser cruzadas com os sistemas de segmentação internos de Israel, habilitados para IA.
Após a reportagem da AP, a Microsoft reconheceu as aplicações militares, mas afirmou que não encontrou provas de que a sua plataforma Azure e as tecnologias de inteligência artificial tenham sido utilizadas para atingir ou prejudicar pessoas em Gaza.
A Microsoft não partilhou uma cópia dessas conclusões nem revelou quem a conduziu a análise aos usos daquele serviço.