A presidente do conselho de administração do Standard Bank, Esselina Macome, em Moçambique defendeu nesta quinta-feira a aposta em novas tecnologias para assegurar uma boa governação corporativa, que continua “incipiente” no país. “Estamos neste momento a ser confrontados com a inteligência artificial, todos sentimos que é preciso definir-se balizas, mas ao mesmo tempo todos sentimos que temos que usar. Então é importante que, como membro de um órgão, de uma instituição, se criem condições para estas tecnologias serem usadas em benefício da própria organização e de outras partes”, referiu.

A responsável falava como oradora durante o primeiro congresso nacional de Governação Corporativa, no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo. A presidente do conselho de administração do Standard Bank, um dos maiores de Moçambique, considerou que o mundo vive uma era digital avançada, pedindo por isso às direções das empresas nacionais que não ignorem as tecnologias na sua aposta para assegurar boas práticas de governação corporativa.

“Isso passa necessariamente pelo facto de que estes membros de conselhos de administração devem promover [as tecnologias] mas também têm que se educar. Um Conselho de Administração tem que, de forma contínua, ir se ocupando com conhecimento para melhor responder aos desafios de cada momento”, defendeu Esselina Macome.

“O conselho de administração tem que entender e ter um ABC sobre estas questões e entender que a tecnologia até pode ajudar a ter informação para melhor decidir, e tem que facilitar para que dentro da instituição que está a dirigir estas práticas sejam utilizadas. Hoje, não é possível uma organização operar fora das tecnologias e, se quer ser eficiente, as tecnologias devem estar lá”, acrescentou. Na mesma reflexão, Macome reforçou que é altura de se avançar com políticas que defendem conselhos de administração com uma maioria independente, referindo que este é o padrão internacional em evolução.

“O que acontece no nosso país é que não temos ainda um modelo específico de como é que queremos os conselhos de administração em diferentes instituições, mesmo da mesma indústria (…) Se verificarmos no país, a estrutura de um conselho de administração de um banco que tem grupo e de um banco que é de origem anglófona é diferente da lusofonia, então há necessidade de haver uniformização”, apontou.

Trata-se do primeiro congresso nacional de Governação Corporativarealizado no país, que conta com o apoio da Universidade Politécnica e do Standard Bank, reunindo em Maputo cerca de 300 convidados, entre gestores, especialistas nacionais e internacionais, académicos e políticos.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Instituto Moçambicano de Governação Corporativa (IGCmz), Daniel Tembe, voltou a admitir que esta matéria ainda é “incipiente” para as empresas nacionais, reconhecendo setores mais avançados como a banca, seguradoras e multinacionais. “Mas temos uma grande maioria de empresas que não observa porque não tem conhecimento, não sabecomo lidar com este tipo de matéria, então fica-se muito no código comercial, mas nem tudo pode aparecer no código comercial. As questões de ética eintegridade não podem ser legisladas”, disse.

O instituto está a apoiar as empresas com conceitos de boas práticas governativas com a realização de palestras, cursos de curta duração ministrados a dirigentes, incluindo apoios a empresas na formulação de códigos de conduta. “Se conseguirmos que osetor formal tenha mais empresas a praticar as melhores práticas de governação já seriaum grande passo e, aos poucos, as empresas poderem passar do informal para o formal”, acrescentou.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50