
O ala internacional português Ricardinho anunciou hoje, aos 39 anos, o final de uma carreira no futsal repleta de títulos e prémios individuais que o deixam na galeria dos melhores de sempre na modalidade.
“Hoje venho aqui pôr um ponto final na minha carreira desportiva, enquanto profissional. É a mais difícil decisão de sempre da minha vida como atleta”, afirmou Ricardinho, numa conferência de imprensa na Cidade do Futebol, em Oeiras, que contou com a presença do presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença, e um vídeo enviado pelo selecionador Jorge Braz.
Ricardinho foi eleito por um recorde de seis vezes o melhor jogador de futsal do mundo, em 2010 e entre 2014 e 2018, pelo portal especializado Futsal Planet.
O internacional português Ricardinho tomou “a decisão mais difícil” ao meter hoje um ponto final na carreira de futsal, modalidade que não escolheu, mas foi “amor quase à primeira vista” até se tornar seu embaixador global.
“Venho meter um ponto final na minha carreira desportiva, enquanto profissional. É a decisão mais difícil que estou a tomar na minha vida, como atleta. A partir de hoje, passo a ser uma lenda e um ex-profissional do futsal”, começou por afirmar o jogador, em conferência de imprensa realizada na Cidade do Futebol, em Oeiras.
Eleito melhor jogador do mundo por um recorde de seis vezes (em 2010 e de 2014 a 2018), Ricardinho, de 39 anos, concluiu uma carreira onde conquistou todos os principais títulos a nível de clubes e seleção, com destaque para o Mundial2021.
“Eu não escolhi o futsal. Queria ser jogador de futebol, mas negaram esse sonho porque disseram que eu era muito pequeno. Carolina Silva acreditou em mim, foi buscar-me ao bairro e disse que tinha de jogar este desporto. Foi um amor quase à primeira vista. Ter a bola no pé era o meu sonho e aí estava sempre em constante contacto”, recordou Ricardinho, natural de Valbom, do município de Gondomar.
Com os companheiros de longa data Bruno Coelho e João Matos entre a plateia, Ricardinho resumiu a sua longa história de sucesso, lembrando os seus principais feitos e sem acreditar numa “história tão bonita, mesmo que a tivesse sonhado”, que teve o ponto mais alto na conquista do Mundial2021, após uma lesão grave.
“Sempre disse que ia ouvir o meu corpo e mente. Disseram que já chega e estas lágrimas são de orgulho pelo trajeto e legado. Agora, é olhar para a frente, que vêm coisas novas. O desporto vai estar sempre na minha vida, a acompanhar os mais novos”, salientou, antes de oferecer à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) as últimas sapatilhas pelas quais alinhou por Portugal, na final dessa competição.
Ricardinho começou no Miramar FC, notabilizou-se no Benfica e passou pelo Nagoya Oceans (Japão), CSKA Moscovo (Rússia), Inter Movistar (Espanha), ACCS (Paris), Pendekar United (Indonésia), Riga FC (Letónia) e Ecocity Genzano (Itália), o último clube da carreira.
No Auditório 1 da Cidade do Futebol, em Oeiras, no evento de despedida oficial, o internacional português mostrou-se “orgulhoso por ser uma referência de onde vim, porque tinha tudo para dar errado, tive a sorte de ter pessoas na minha vida, como a Carolina Silva ou o Sr.Armindo, que acreditaram em mim, que me deram conselhos, como pai quando não era meu pai. Consegui ser essa referência, consegui batalhar e chegar acima dos meus sonhos. Seis vezes melhor do mundo, levantar a bandeira de Portugal e do meu concelho Gondomar no Japão como campeão. Em Espanha, enquanto todos olhavam com os olhos cruzados para o talento português, eu fui lá demonstrar que nós somos realmente um povo de talento e trabalhador e, mais uma vez, consegui mostrar com a bandeira de Portugal às costas, com essa responsabilidade, mas com esse orgulho, de muitas conquistas e poder dizer que sou português”.
Ricardinho vai integrar a estrutura federativa, não se sabendo ainda qual o cargo, com o presidente Pedro Proença a enaltecer o “melhor jogador de futsal de todos os tempos, que sempre enobreceu esta modalidade”, motivando jovens e adultos.
“É um atleta absolutamente de exceção. O Ricardinho é nosso, é um património lusitano e um homem eterno que ficará connosco. É bandeira deste país e teve a capacidade de transportar a Portugalidade aos quatro cantos do mundo. Cresceu connosco, motivou jovens a serem pessoas diferentes e o país está grato”, frisou.
Na impossibilidade de estar presente, o selecionador Jorge Braz não quis ficar de fora da despedida de Ricardinho, deixando um vídeo onde destacou o dia especial e reforçou a colocação do futsalista no topo dos melhores de sempre no desporto.
“É um dia muito especial e serás recordado como o melhor de sempre”, diz Jorge Braz, selecionador de futsal de Portugal.
“É um dia muito especial e serás recordado como o melhor de sempre. Ajudaste-me a crescer como treinador e ajudaste a seleção. É com estas memórias que nós recordamos o percurso do melhor de sempre. Obrigado pelo legado exemplar que deixaste aos jovens que agora se apaixonam pelo futsal. É um legado demasiado grande para que deixe de significar o que significas para o futsal não só português, mas mundial”, disse Jorge Braz, selecionador da equipa das ‘quinas’ desde 2010.
Nascido em Gondomar a 3 de setembro de 1985, Ricardo Filipe Silva Duarte Braga começou a dar os primeiros passos na quadra no Gramidense, para em 2001/02, e já ajustado ao jogo no pavilhão, o esquerdino cruzou o rio Douro rumo ao Miramar, onde iniciou pelos juvenis, foi campeão nacional de juniores e se estreou nos seniores.
O seis vezes melhor do mundo vestiu a camisola das quinas em 188 ocasiões, marcou 142 golos e conquistou 43 títulos a nível profissional.
Depois do Miramar FC, Ricardinho notabilizou-se no Benfica, onde ingressou em 2003, com 17 anos. Passou pelo Nagoya Oceans (Japão), CSKA Moscovo (Rússia), Inter Movistar (Espanha), ACCS (Paris), Pendekar United (Indonésia), Riga FC (Letónia) e Ecocity Genzano (Itália), o último clube de uma carreira ímpar, com um total de 43 títulos coletivos.
Arrebatou o Mundial2021 e o Europeu2018 ao serviço da seleção portuguesa, contando 142 golos nas 188 internacionalizações, e conquistou três Ligas dos Campeões, cinco campeonatos portugueses, quatro Taças de Portugal, cinco supertaças de Portugal, três Taças de Espanha, seis Ligas espanholas, três supertaças espanholas, uma Taça do Rei, dois campeonatos franceses, três ligas japonesas, uma Liga na Letónia e, ainda, uma supertaça nesse mesmo país.
No final do evento de homenagem que decorreu na Cidade do Futebol, Ricardinho entregou à Federação Portuguesa de Futebol as botas usadas na final do Campeonato do Mundo, diante da Argentina, a 3 de outubro de 2021 na Lituânia, naquele encontro que daria o primeiro título mundial ao conjunto nacional.
com Lusa