
Johann Zarco fica na LCR Honda: uma oportunidade perdida para o HRC?
Numa reviravolta dramática no panorama do MotoGP, o piloto francês Johann Zarco garantiu o seu futuro com a LCR Honda, prolongando o contrato até 2026. Embora fãs e comentadores celebrem esta decisão, paira uma nuvem de desilusão no paddock: por que razão a Honda não promoveu este talento excecional à equipa de fábrica?
Aos 35 anos, Zarco destaca-se num paddock onde a maioria dos pilotos já tem contratos válidos até 2027, ano em que entrará em vigor uma importante mudança técnica no campeonato. A sua continuidade na LCR Honda garante-lhe estabilidade — um luxo que muitos dos seus rivais não têm. Mas a questão mantém-se: porque não assumir as rédeas na HRC?
A Honda tem-se mantido discreta nas suas escolhas, revelando apenas parte da sua formação em setembro. No entanto, a LCR Honda sai a ganhar com a confirmação de Zarco por mais dois anos, assegurando que o francês terá acesso às mesmas peças de alto desempenho que os pilotos da equipa oficial. Bicampeão de Moto2, Zarco já provou o seu valor, conquistando uma vitória monumental no Grande Prémio de França e vários pódios, devolvendo a Honda ao top 10 após uma dececionante temporada de 2024.
A abordagem de Zarco — uma mistura de autocrítica e disciplina estratégica — faz lembrar o lendário Marc Márquez, sublinhando o valor inegável da experiência num desporto cada vez mais dominado pela juventude. Apesar do seu contributo para a recuperação da Honda, muitos questionam a decisão da fábrica de o manter numa equipa satélite.
A frustração entre fãs e especialistas é notória. Zarco é amplamente considerado o piloto que mais merece um lugar na equipa oficial, e no paddock não se compreende porque é que a Honda não deu esse passo. O triunfo no GP de França, alcançado em condições traiçoeiras, foi o culminar de um esforço incansável, colocando consistentemente a RC213V no top 10 logo no início da época.
Além disso, não pode ser ignorada a proeza de Zarco ao quebrar a impressionante sequência de 22 vitórias consecutivas da Ducati como construtor. Apenas um ano antes, a Honda mal conseguia chegar ao top 10 — um contraste que realça o papel decisivo do francês na mudança das dinâmicas competitivas.
Com os novos regulamentos de 2027 à vista, a Honda sabe que precisa urgentemente de um capitão experiente para navegar em águas incertas. E Zarco é esse capitão: fiável, resiliente e metódico, com a visão necessária para reduzir a distância para a Ducati.
Ainda que a promoção à equipa de fábrica lhe possa escapar, a presença de Zarco na LCR, com acesso a equipamento de topo, faz dele uma pedra basilar na missão da Honda de recuperar o protagonismo no MotoGP. Trata-se de uma jogada estratégica que, apesar das reservas de Alberto Puig, pode redefinir o futuro da marca japonesa.
À medida que a comunidade do MotoGP aplaude o compromisso de Zarco, fica a pergunta: irá a Honda alguma vez reconhecer plenamente o potencial deste piloto extraordinário? Só o tempo dirá se esta decisão os irá assombrar na luta pelo regresso à glória nos próximos anos.