
O antigo internacional búlgaro Dimitar Berbatov considera que o futebol era "mais técnico" e "dado ao improviso" no período em que jogou e hoje tem jogadores "mais atléticos", com maior capacidade física.
Futebolista profissional entre 1999 e 2018, nos búlgaros do CSKA Sófia, nos alemães do Bayer Leverkusen, nos ingleses do Tottenham, do Manchester United e do Fulham, no Mónaco, onde foi treinado pelo português Leonardo Jardim, nos gregos do PAOK e nos indianos do Kerala Blasters, o antigo ponta de lança reconhece que o desporto se transformou, adquirindo um pendor mais físico.
"Na altura em que joguei, o futebol era mais técnico, mais dado ao improviso, com mais arte no relvado. Havia mais jogadores assim. Hoje, os jogadores são mais atléticos, a correrem muito, com forte composição muscular", comparou, em entrevista à agência Lusa.
Ainda que continue a vislumbrar "alguns 'artistas' no campo", capazes de "ler o jogo", de fazer "aquele passe que deixa o espetador de boca aberta" ou de marcar "aquele grande golo de improviso", o ex-jogador reconhece que gostaria de ver momentos assim com mais frequência.
O futebol é um jogo simples para pessoas inteligentes. Às vezes, os jogadores esquecem-se que as coisas mais simples são as mais geniais
Berbatov
Antigo jogador
"Gostaria de ver mais jogadores assim, porque é isso que é o futebol: ver uma jogada que nos deixa de queixo caído ou que leva crianças e jovens a quererem imitar. Ainda vejo essas coisas de vez em quando, mas não com tanta frequência como gostaria", acrescentou.
No relvado, Dimitar Berbatov distinguia-se pela capacidade técnica na receção e no domínio de bola e pela capacidade de decisão na área, quer em frente à baliza, na hora de rematar, quer na hora de assistir colegas em melhor posição, um estilo de que nunca abdicou.
"Não havia egoísmo. Quando alguém estava em melhor posição, eu entregava a bola. Quando estava numa situação difícil no relvado, eu era bom tecnicamente e conseguia libertar-me para marcar um golo bonito ou para fazer uma boa assistência a alguém em melhor posição. Joguei sempre à minha maneira", recordou.
Embora reconheça que um jogador com "grande habilidade técnica" pode ajudar a equipa com "momentos extraordinários", o antigo internacional búlgaro, com 48 golos em 79 jogos, vinca que o propósito deve ser sempre o de ajudar a equipa e defende que os movimentos mais simples podem ser os "mais geniais".
"O futebol é um jogo simples para pessoas inteligentes. Às vezes, os jogadores esquecem-se que as coisas mais simples são as mais geniais. O futebol é passe e movimento. Basicamente, é um grande retângulo onde passamos a bola para alguém em melhor posição e movimentamo-nos para receber a bola outra vez", resumiu.
Presente no concelho algarvio de Albufeira, para orientar um campo de treinos para crianças e jovens entre os cinco e os 16 anos, no Pine Cliffs Resort, Berbatov realçou que a experiência se assemelha ao trabalho da fundação que criou em 2008 na Bulgária, com a oferta de programas sociais e educativos para crianças com aptidão para o desporto.