A UNICEF e várias organizações não-governamentais apelaram hoje à mobilização "imediata" de assistência para as crianças afetadas pelos terramotos de domingo no Afeganistão, que fizeram cerca de 800 mortos.

O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Afeganistão, Tajudeen Oyewale, realçou que entre as vítimas do sismo, com epicentro perto de Jalalabad, em Nangarhar (leste), muitas são crianças, e que milhares de outras ficaram "em risco".

"Muitas [das crianças] perderam entes queridos e as suas casas", enfatizou Oyewale, segundo comunicado da UNICEF.

Além de realizar avaliações conjuntas com outras agências das Nações Unidas para determinar a extensão total das consequências dos terramotos, a UNICEF está a dar prioridade ao envio de equipas móveis de saúde para os distritos afetados de Chawkay e Nurgal, em Kunar, para prestar os primeiros socorros e cuidados imediatos aos feridos.

Um sismo de magnitude 6 na escala de Richter abalou o país às 23:47 locais de domingo (20:17 em Lisboa) e foi seguido de pelo menos dois abalos de magnitude 5,2.

Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas, segundo as autoridades locais, mas o número de vítimas está a aumentar continuamente.

A ONG Save the Children salientou em comunicado a "magnitude da devastação", que poderá estar subestimada pelo facto de algumas zonas da província montanhosa de Kunar --- uma das mais afetadas --- estarem isoladas.

As operações de resgate, adiantou, estão a ser prejudicadas por tremores de terra e as famílias em Kunar também tiveram de lidar com "inundações repentinas causadas por chuvas torrenciais nos últimos dias".

Samira Sayed Rahman, Diretora de Defesa da Save the Children no Afeganistão, afirmou que muitas estradas estão bloqueadas por pedras, deixando as aldeias isoladas, e as casas de muitas destas famílias não foram construídas para suportar constantes tremores desta magnitude, "aumentando o risco de mais danos e vítimas".

"As crianças e as suas famílias precisam de apoio urgente: com a provável destruição de tantas casas, vão precisar de alimentos, água potável, abrigo e artigos domésticos essenciais", referiu Rahman.

"Sabemos que as crianças são sempre as mais vulneráveis após um desastre(...). Apelamos urgentemente à comunidade internacional por financiamento e apoio coordenado para garantir que a ajuda vital chega a estas crianças e às suas famílias sem demora", salientou.

Também ONG World Vision apontou que "aldeias inteiras foram total ou parcialmente destruídas, com casas de barro e madeira colapsadas e moradores presos sob os escombros".

"Os distritos afetados estão entre os mais remotos do Afeganistão. Os aluimentos de terra bloquearam as principais vias de acesso, pelo que foram mobilizadas aeronaves para apoiar as operações de resgate e retirar os doentes em estado crítico para Jalalabad e Cabul", adiantou a organização.

Thamindri De Silva, Diretora Nacional da World Vision Afeganistão, afirmou que "o impacto deste terramoto será duradouro e extremamente doloroso" e que "as crianças estão entre as mais vulneráveis e pagarão o preço mais alto".

"Em zonas remotas, o acesso a cuidados de saúde, água potável e educação já é limitado. Um desastre desta magnitude agrava as vulnerabilidades existentes e aumenta as necessidades humanitárias", acrescentou.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) avisou hoje que os terramotos registados no domingo no Afeganistão vão agravar a crise que o país já enfrenta, lembrando que milhares de famílias ficaram sem abrigo.

"Com o aproximar do inverno, os riscos são ainda maiores: milhares de famílias não têm agora abrigo seguro", acrescentou em comunicado a OIM, que sublinhou que vai ser preciso ajuda humanitária urgente para os que ficaram sem abrigo.

"Esta tragédia acontece numa altura em que o Afeganistão já enfrenta imensas pressões", sublinhou, referindo que mais de 1,7 milhões de afegãos regressaram do Irão e do Paquistão este ano, "muitos para comunidades que já enfrentavam dificuldades com recursos limitados".

A OIM apelou à comunidade internacional para que aumente, com urgência, o financiamento a ajuda humanitária ao Afeganistão "para evitar mais sofrimento e proteger milhões de pessoas em risco".