
O Presidente Nicolás Maduro denunciou hoje que Caracas enfrenta a maior ameaça dos últimos 100, uma vez que os Estados Unidos têm oito barcos com mais de 1.200 mísseis e um submarino nuclear apontados à Venezuela.
"A Venezuela enfrenta a maior ameaça que o nosso continente viu nos últimos 100 anos. Eles (os EUA) avançam para o que chamam de pressão máxima, neste caso militar, e diante da pressão militar máxima, declarámos a preparação máxima para a defesa da Venezuela, ativando sempre a Constituição", disse Nicolás Maduro.
O Presidente da Venezuela falava numa conferência de imprensa perante jornalistas venezuelanos e internacionais, que teve lugar em Caracas, a que assistiram centenas de profissionais conectados via Zoom.
O Presidente da Venezuela admitiu que apesar das tensões mantém comunicação com os EUA, mas que os canais abertos estão "deteriorados", uma situação pela qual responsabilizou o secretário de Estados dos EUA, Marco Rubio.
"Infelizmente, esses canais estão deteriorados, pois tentou-se impor a diplomacia das canhoneiras. Marco Rubio busca um banho de sangue, com um massacre e uma guerra contra a Venezuela, a América do Sul e o Caribe. Esperemos que, com respeito e diálogo, esses canais possam ser recuperados", disse.
Por outro lado, explicou que a atual pressão dos EUA contra a Venezuela só pode ser comparada, com a crise de 1962, quando a União Soviética tentou instalar mísseis nucleares de médio alcance em Cuba, situação que pôs duas superpotências à beira de um conflito nuclear.
Maduro alertou que os EUA estão errados ao avançarem com a "absurda" narrativa de relacionar a Venezuela com o narcotráfico para justificar o envio de barcos de guerra para as Caraíbas.
o que ele classificou como uma "narrativa bem, mas bem absurda" sobre um combate ao narcotráfico para justificar o envio de "navios de guerra", insistindo que o país caribenho "tem um histórico na luta" contra o comércio ilegal de narcóticos.
Maduro anunciou a criação das "unidades comunais milicianas de combate nos 5.334 circuitos comunais" do país, agrupadas em 15.751 bases populares de defesa integral, às quais vão ser incorporados os 8,2 milhões de milicianos com que, disse, o país conta.
Por outro lado, agradeceu à Colômbia pela cimeira extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na qual a ministra das Relações Exteriores do vizinho país, Rosa Villavicencio, condenou essa ação dos EUA em águas das Caraíbas.
As tensões entre Washington e Caracas intensificaram-se nas últimas semanas, depois de em 16 de agosto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ter afirmado que os Estados Unidos estão preparados para "usar todo o seu poder" para travar o "fluxo de drogas" para o território norte-americano.
Em 18 de agosto, o ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, advertiu os Estados Unidos para que não ousem atacar o país porque os venezuelanos estão preparados para defender a pátria. Nas mesmas declarações, o ministro referiu que Washington também iria enfrentar a reação da América Latina.
Em 29 de agosto, o Governo venezuelano advertiu Washington que um ataque à Venezuela será uma "calamidade" e um "pesadelo" para os Estados Unidos.
"Seremos a sua calamidade, seremos o seu pesadelo e isso significará também a instabilidade de todo este continente. Por isso, o apelo é à paz. Acalmem-se, senhores falcões dos Estados Unidos. Acalmem-se, tranquilizem-se, porque vão causar um grande dano ao seu próprio país", disse a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, em declarações no estado venezuelano de Carabobo durante uma jornada de dois dias de alistamento voluntário da população para defender o país das alegadas ameaças dos Estados Unidos.
Caracas recebeu como ameaça a notícia de que Washington enviou para águas caribenhas navios lança-mísseis e 4.000 fuzileiros numa alegada operação contra cartéis narcotraficantes, em resposta à qual Caracas anunciou a deslocação por todo o país de 4,5 milhões de milicianos, componente da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).
No passado dia 21 de agosto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que "resolvam as diferenças por meios pacíficos".