Caracas vai receber em outubro o primeiro fórum empresarial entre a Venezuela e a Rússia, avançou hoje a imprensa venezuelana citando o grupo estatal russo Rostec.

A reunião, que terá como lema "Venezuela e Rússia: parceiros estratégicos", vai decorrer entre 28 e 29 de outubro na capital venezuelana.

O fórum vai reunir líderes empresariais e funcionários do Governo dos dois países, de áreas como a energia, engenharia mecânica, logística e agricultura, entre outras.

Por outro lado, uma delegação euroasiática, vai apresentar produtos procurados no mercado venezuelano e vai analisar as possibilidades de investimentos e de produção no mercado local.

"Também está previsto que durante o fórum sejam abordados temas de cooperação em matéria de turismo e o aumento do fornecimento de equipamentos russos. O programa do evento inclui atividades culturais e espetáculos desportivos: será realizado um torneio de 'eSports' entre equipas de ambos os países e, adicionalmente, será realizada uma exposição de arte digital e uma degustação da culinária russa", especificou o portal Noticlipve.

O fórum incluirá ainda áreas imersivas e um espaço multimédia, onde os visitantes poderão fazer um passeio virtual pela Rússia.

Nas últimas semanas, a Rússia tem expressado a sua solidariedade para com Caracas no esforço de proteger a soberania da Venezuela, perante as pressões dos Estados Unidos, que enviaram para águas caribenhas navios lança-mísseis e 4.000 fuzileiros numa alegada operação contra cartéis narcotraficantes.

Hoje, a Rússia voltou a condenar "veementemente a ameaça do uso da força, contra Estados soberanos, como instrumento de política externa" e a expressar "a sua solidariedade para com o povo e o Governo da República da Venezuela".

Segundo Moscovo, a Venezuela "tem o direito inalienável de determinar livremente o seu caminho político, económico e social, sem pressões externas, num ambiente pacífico".

"Mantemos o contacto mais próximo, direto e de confiança com a parte venezuelana, no espírito de relações de parceria estratégica, tendo em conta a situação em desenvolvimento", referiu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, num comunicado.

Na mesma nota, a diplomacia russa sublinha o interesse de Moscovo no "desenvolvimento estável e independente da região latino-americana".

"Esperamos que os países da América Latina, que por decisão dos líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos em 2014 proclamaram o continente como zona de paz, vivam e prosperem sem conflitos nem intervenções armadas. As práticas de intervenção forçada e os métodos das chamadas 'revoluções de cores' devem ficar no passado para sempre", afirmou ainda Maria Zakharova.

As tensões entre Washington e Caracas intensificaram-se nas últimas semanas, depois de em 16 de agosto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ter afirmado que os Estados Unidos estão preparados para "usar todo o seu poder" para travar o "fluxo de drogas" para o território norte-americano.

Em 18 de agosto, o ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, advertiu os Estados Unidos para que não ousem atacar o país porque os venezuelanos estão preparados para defender a pátria. Nas mesmas declarações, o ministro referiu que Washington também iria enfrentar a reação da América Latina.

Em 29 de agosto, o Governo venezuelano advertiu Washington que um ataque à Venezuela será uma "calamidade" e um "pesadelo" para os Estados Unidos.

"Seremos a sua calamidade, seremos o seu pesadelo e isso significará também a instabilidade de todo este continente. Por isso, o apelo é à paz. Acalmem-se, senhores falcões dos Estados Unidos. Acalmem-se, tranquilizem-se, porque vão causar um grande dano ao seu próprio país", disse a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, em declarações no estado venezuelano de Carabobo durante uma jornada de dois dias de alistamento voluntário da população para defender o país das alegadas ameaças dos Estados Unidos.

Caracas recebeu como ameaça a notícia de que Washington enviou para águas caribenhas navios lança-mísseis e 4.000 fuzileiros numa alegada operação contra cartéis narcotraficantes, em resposta à qual Caracas anunciou a deslocação por todo o país de 4,5 milhões de milicianos, componente da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

No passado dia 21 de agosto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que "resolvam as diferenças por meios pacíficos".