
Desde 2023 que se anuncia como um dos momentos-chave da agenda da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), depois da Feira do Livro de Lisboa. O Book 2.0, cuja terceira edição acontece a esta quarta e quinta-feira, é aliás “complementar” da feira, pois “insere-se na mesma estratégia”, considera Miguel Pauseiro, em declarações ao Expresso. Para o presidente da APEL, o Book 2.0 privilegia “uma perspetiva de futuro” sobre o livro e a leitura, colocando especialistas, cientistas, escritores, professores e leitores “lado a lado” a “discutir, ouvir e debater” as necessidades, as fraquezas e os pontos fortes de um setor a ganhar novos contornos no século XXI.
Sob a forma de conferências realizadas ao longo de dois dias, desta feita na Fundação Champalimaud – nos anos anteriores o acolhimento coube ao Museu do Oriente e ao antigo Museu dos Coches -, o evento dá a primeira palavra à sua diretora executiva, Silvia Pazos Rodríguez, e ao próprio Miguel Pauseiro, antes de a georgiana Gvantsa Jobava, presidente da International Publishers Association, intervir para abrir os painéis. Sob o título “A Reinvenção dos Livros”, nestes fóruns vai refletir-se, entre outros assuntos, sobre a valorização do livro num contexto digital ou os desafios autorais face ao advento da inteligência artificial.
Neste âmbito destaca-se a presença de nomes como os do egípcio-irlandês Nadim Sadek, CEO da Shimmr AI; os alemães Axel Voss, membro do Parlamento Europeu, e Pia Ahrenkilde Hansen, diretora-geral para a Educação, Jovens, Desporto e Cultura da Comissão Europeia; a psicóloga americana Meg Jay; o brasileiro Pedro Pacífico; o britânico e empreendedor social Ben Keene e o escritor angolano José Eduardo Agualusa.
A estes nomes juntam-se, na segunda jornada, os de Maryanne Wolf, que dirige o Centro de Dislexia, Alunos Diversos e Justiça Social na UCLA (Universidade de Los Angeles), a autora dinamarquesa Jessica Joelle Alexander e a brasileira Paula Pimenta, a psiquiatra americana Adriana Stacey e a brasileira e directora-adjunta para a Educação e Skills da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) Lúcia Dellagnelo, assim como o ex-ministro sueco da Educação Johan Pehrson, o consultor editorial - brasileiro a residir na Suécia - Carlo Carrenho, a polaca Sonia Draga – presidente da FEP (Federation of European Publishers) - e o argentino Daniel Benchimol, que dirige a agência Proyecto45, de consultoria na área do livro.
Entre os portugueses, além do físico Carlos Fiolhais e do ex-ministro da Educação e matemático Nuno Crato, participam no primeiro dia o humorista Nuno Markl, o linguista Marco Neves, a criadora de conteúdos digitais Mariana Nunes e a escritora Analita Alves dos Santos, não faltando uma abordagem aos direitos de autor, com André Novais de Paula, Joana Pinto e Tiago Freire, ou às questões da desflorestação e da gestão da indústria do papel, na voz de Sofia Castelão. Ou mesmo da dimensão cultural das livrarias, debatida por Dinis e Elisabete Machado, Sofia Vieira e Joana Moreira, culminando com uma conversa entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a editora Cristina Ovídio.
Já na quinta-feira, a participação nacional está nas mãos de Fernanda Freitas, da associação Nuvem Vitória de contadores de histórias, das jornalistas Bárbara Wong e Joana Petiz, de Dino D’Santiago em diálogo com Vítor Belanciano, do secretário de Estado adjunto da Educação, Alexandre Homem Cristo, e da ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes. No fim do dia, inaugura-se a edição 2025 da Festa do Livro em Belém.