
O Governo de Javier Milei conseguiu travar esta segunda-feira a audição, em tribunal, dos áudios da irmã, Karina Milei, registados na Casa Rosada, sede do executivo argentino. O juiz da primeira instância a quem coube a decisão alegou que tais gravações poderiam comprometer "a intimidade e a honra" daquela que é hoje secretária-geral da presidência e mão direita do irmão.
A medida cautelar não está desligada da recente divulgação de um registo áudio que, a 20 de agosto, mergulhou a cúpula do poder na Argentina num escândalo de corrupção. Nesse âmbito, o chefe da Agência Nacional para a Deficiência, Diego Spagnuolo, entretanto demitido do cargo, coloca Karina Milei como fazendo parte de uma rede de subornos, denunciando de que forma empresas que comercializam medicamentos, nomeadamente a Suizo Argentina, cobravam preços pelo menos 8 por cento mais caros nos fármacos vendidos à Agência, sendo essa percentagemalegadamente subtraída para o Governo. Se Javier Milei já veio a público denunciar que Spagnuolo mentiu, a irmã ainda não se pronunciou sobre o tema.
Ao mesmo tempo que bloqueava a divulgação de mais áudios, a presidência de Milei denunciou, citada pelo "El País", que estas e outras gravações se integram numa "operação ilegal de inteligência" com o objetivo de "desestabilizar a democracia argentina". Segundo a ministra de Segurança, Patrícia Bullrich, os culpados desta 'conspiração' são nada menos que jornalistas e "pessoas ligadas aos serviços de inteligência russos com incidência na Venezuela".
Todas estas manobras acontecem dias antes do primeiro teste nas urnas do presidente, a 7 de setembro, nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, atualmente nas mãos da oposição peronista. E também da segunda e ainda mais relevante prova eleitoral, a 26 de outubro, quando os argentinos forem chamados a eleger deputados e senadores.