Frescura natural, acidez vibrante e toque salino são caraterísticas dos vinhos brancos provenientes de regiões atlânticas. Nádia Desidério, sommelier e diretora do premiado restaurante Belcanto, em Lisboa, convida a descobrir a identidade dos vinhos Atlânticos marcados pela brisa do mar, provenientes dos solos arenosos de Colares, das encostas vulcânicas dos Açores, ou brindados pela maresia de Lisboa e de Porto Santo.

“Mais do que uma tendência, os vinhos atlânticos representam uma nova forma de pensar, com identidade, frescura e autenticidade, prontos para brilhar no verão… e não só”. Palavra de sommelier!

Vinho histórico de Colares

Viúva Gomes Malvasia Branco
Viúva Gomes Malvasia Branco Expresso

Proveniente de Colares, região demarcada mais ocidental da Europa continental, o Viúva Gomes Malvasia Branco (€35) é elaborado a partir de vinhas centenárias plantadas em chão de areia. Trata-se de um “vinho austero, salino, com notas de flor de laranjeira e com um perfil gastronómico incrível”, partindo de um projeto vínico histórico, que remonta aos tempos do Marquês de Pombal e mantém viva a tradição da Malvasia de Colares, casta autóctone desta região do litoral do concelho de Sintra.

Galego Dourado de Lisboa

Ramilo Galego Dourado
Ramilo Galego Dourado Expresso

Resgatar as tradições e castas autóctones, com foco na autenticidade é ensejo deste projeto da região de Lisboa onde nasce o Ramilo Galego Dourado Branco (€40), um vinho que “valoriza uma casta quase extinta, a mostrar um lado de fruta branca, notas herbais e uma acidez vincada”, descreve a sommelier sobre este produto da Ramilo Wines, entre Sintra e Mafra, e que representa quatro gerações de vinhos atlânticos.

Listrão e caracol de Porto Santo

Caracol dos Profetas
Caracol dos Profetas Expresso

Refrescante e surpreendente, o Caracol dos Profetas Branco (€28) é produzido por António Maçanita e Nuno Faria na ilha de Porto Santo, a partir das castas locais Listrão e Caracol. Este branco seco, salino, fresco, com notas cítricas e iodo resulta de “um trabalho pioneiro de recuperação da viticultura da ilha, quase desaparecida”, destaca Nádia Desidério.

Terroir vulcânico

Etnom Branco
Etnom Branco Expresso

Com assinatura de Cátia Laranjo, o Etnom Branco (€22) “expressa o terroir vulcânico da ilha do Pico com elegância e profundidade”, a partir de um vinho de baixa intervenção e alma atlântica. Um projeto pessoal e arrojado que nasce da paixão por recuperar práticas tradicionais e castas autóctones, nota a sommelier.

Fugir ao calor alentejano

Salino Branco
Salino Branco Expresso

Do Alentejo litoral, que apresenta caraterísticas diferentes dentro da região vitivinícola, a sugestão de Nádia Desidério é o Salino Branco (€39), 100% loureiro. Com um perfil que foge ao calor alentejano, revela a personalidade salina do litoral da região, mostrando tensão, mineralidade e um carácter vibrante. Anna Jorgensen, com uma visão mais sustentável, “desafia a tradição e através do Salino branco que captura a essência do terroir e mostra-nos uma nova imagem do Alentejo”, sublinha. Este vinho é produzido a partir de uma única vinha localizada a 3 km do mar, perto de Vila Nova de Milfontes. Refira-se que a base de produção da Cortes de Cima está situada na Vidigueira.

Sobre Nádia Desidério

Nádia Desidério
Nádia Desidério Expresso

Nádia Desidério é sommelier e diretora do Belcanto de José Avillez, restaurante distinguido com Garfo de Platina no Guia Boa Cama Boa Mesa 2025, com duas estrelas Michelin e que ocupa o 42 º lugar na lista “The World’s 50 Best Restaurants”.

Licenciada em Gestão Hoteleira pela Universidade Europeia e com o curso de Escanção pela Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, juntou-se à equipa do Belcanto há 11 anos, como estagiária. Em 2017, assumiu as funções de Sommelier e em 2022 as de diretora do restaurante.

Desde sempre uma apaixonada pela hospitalidade e pelo mundo dos vinhos, que considera “fascinante”, Nádia visita e explora, com gosto e entusiasmo, diversas regiões vínicas nos tempos livres, tanto em Portugal, como noutros países. O objetivo, explica, é ampliar o conhecimento, mas também “sentir e viver o que torna cada garrafa única, que são as histórias das pessoas que as produzem”.

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