Olá. Bem-vindos a mais um Aponte Ambiental.

Hoje falamos de um tema que se torna cada vez mais urgente: os efeitos do calor extremo na saúde pública. As alterações climáticas estão a tornar os verões mais longos, mais quentes e, infelizmente, mais perigosos.

Um estudo recente publicado na revista Science Advances trouxe um dado particularmente preocupante: viver em zonas com muitos dias de calor, acima dos 32 graus, pode acelerar o envelhecimento biológico. As pessoas expostas a estas condições — sobretudo os mais velhos — podem apresentar até catorze meses de envelhecimento adicional, em comparação com quem vive em zonas menos quentes.

Como é que isso acontece? O calor excessivo provoca stress no corpo, inflamações e alterações no ADN. Tudo isto contribui para acelerar o nosso relógio biológico.

E não se trata apenas de envelhecer mais depressa. Está já comprovada a relação entre o calor extremo e aumento de mortalidade. Em Portugal continental, entre os dias 28 de junho e início de julho, registaram-se duzentas e oitenta e quatro mortes em excesso. A maioria das vítimas tinha mais de oitenta e cinco anos. Isto mostra claramente o impacto real e trágico das ondas de calor.

E sim, as alterações climáticas provocadas pelo ser humano estão diretamente ligadas a este fenómeno. Entre 2015 e 2024, a temperatura média global aumentou um vírgula vinte e quatro graus em relação aos níveis pré-industriais. E quase todo esse aumento — um vírgula vinte e dois graus — é atribuído à atividade humana, como o uso intensivo de combustíveis fósseis.

Mais calor significa mais ondas de calor. E isso significa mais pessoas em risco, mais doenças agravadas, e maior pressão sobre os sistemas de saúde. O chamado “stress térmico” afeta todos, mas atinge com mais força os mais vulneráveis, como os idosos e as pessoas com doenças crónicas.

E o que podemos fazer?

Precisamos de estratégias práticas para nos adaptarmos a este novo contexto. Criar redes de sombra, com árvores bem distribuídas, e acesso fácil à água, adaptar os edifícios para resistirem melhor ao calor, garantir sistemas de alerta eficientes e apoiar os grupos de risco.

Mas isto não chega. Precisamos também de ações estruturais: reduzir emissões de gases com efeito de estufa, investir em energias limpas e tornar as nossas cidades e todas as povoações mais verdes, mais frescas e mais resistentes ao calor urbano.

Conselho ambiental: o calor extremo não é apenas um verão mais quente. É um alerta. E exige ação — pessoal, comunitária e nacional — para proteger a saúde, a qualidade de vida e, em muitos casos, a sobrevivência.

Até à próxima. E lembre-se de ajudar a preservar o ambiente!