
O Presidente norte-americano, Donald Trump, remeteu hoje para Israel a decisão sobre a anunciada intenção de ocupar totalmente a Faixa de Gaza, afirmado estar mais preocupado com a situação humanitária no enclave palestiniano.
"Não posso realmente dizer nada [sobre o plano de ocupação militar total de Gaza]. Isso dependerá em grande parte de Israel", disse Trump ao ser questionado pela imprensa num evento realizado na Casa Branca.
Os media israelitas noticiaram na segunda-feira a intenção de o governo de Benjamin Netanyahu avançar para o controlo militar total da Faixa de Gaza, incluindo zonas do enclave onde deverão estar os reféns israelitas tomados pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
Netanyahu manteve hoje uma reunião de cerca de três horas com o chefe das forças armadas, Eyal Zamir, após a imprensa israelita ter noticiado a oposição do líder militar aos planos do Governo para uma ocupação completa da Faixa de Gaza, onde permanecem cerca de 50 reféns israelitas, 20 dos quais vivos.
Na Casa Branca, o Presidente norte-americano afirmou que o seu foco está em "alimentar o povo" de Gaza: "Os Estados Unidos doaram recentemente 60 milhões de dólares para fornecer alimentos ao povo de Gaza, que obviamente não está a atravessar um bom momento em termos alimentares".
Trump assegurou ainda que tanto Israel como os países árabes "vão ajudar" na distribuição e no financiamento destes alimentos.
O Presidente norte-americano falava na mesma altura em que decorria em Nova Iorque uma reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada por iniciativa de Israel, que procurou chamar atenção para a situação humanitária dos reféns na posse do Hamas desde outubro de 2023.
O movimento islamita, que rejeita os apelos dos países árabes a que deponha as armas, divulgou recentemente um vídeo de propaganda que mostra um dos reféns, o jovem Evyatar David, emagrecido e gravemente debilitado, a cavar um buraco que afirma ser a sua própria sepultura.
Divulgou ainda um vídeo de outro dos reféns israelitas, Rom Braslavski, também visivelmente debilitado.
Questionado pela imprensa, Trump descreveu como "horrível" o vídeo de Evyatar David, e disse esperar que seja amplamente visto.
"Vi-o, sim, acho horrível, e espero que muitas pessoas o vejam (...) porque acho que é uma coisa horrível", afirmou.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
Além disso, o enclave tem estado sujeito a um bloqueio por Israel, acumulando-se relatos de fome entre a população, que foi agravada pelo afastamento das agências da ONU e organizações não-governamentais de ajuda humanitária.